O filhinho das vovós

Vocês já perceberam que minha avó comenta meus textos? Pois é, ela comenta. Aí, vocês podem pensar: “danado, ensinou a avó dele a comentar no blog”. Ledo engano, meus caros. Ela aprendeu sozinha. Aliás, sempre que eu conto tudo o que minha avó paterna, a Dilma, faz, percebo os queixos desabando lentamente. É por isso que, hoje, escreverei sobre minhas duas velhinhas adoráveis, vó Dilma e vó Loreni.
A primeira, mãe do meu pai, foi condecorada por mim mesmo como a avó mais moderna que eu conheço. Ela joga vídeo game (viciada em Super Mario, do Super Nintendo), tem MSN, Orkut, tem uma mente lúcida e aberta, tudo isso sem deixar de ser uma excelente e tradicional dona-de-casa. Por sinal, faz o melhor feijão que eu já degustei.
A outra avó, Loreni, mãe da mãe, mora na fazenda. Sem tantos esclarecimentos quanto a vó Dilma, ela se destaca por ser aquela avó essencialmente tradicional, zelosa, dedicada e corujíssima.
São opostas, e ao mesmo tempo muito parecidas. Desde pequeno, sempre fui muito apegado às minhas avós, praticamente como se tivesse três mães. Como, na maior parte do tempo, elas sempre moraram longe, a saudade tornou-se ingrediente essencial em nossa relação, fazendo com que cada visita delas, ou minha a elas, seja um momento muito esperado por ambos.
Quando eu era pequeno, e ainda não viajava sozinho, a expectativa ficava por conta de saber quando uma das avós passaria uns dias lá em casa. A comunicação era precária, não existia celular e não tínhamos telefone em casa, o que tornava a chegada delas uma grande festa, em virtude da surpresa. Lembro dos escândalos que eu aprontava na rua quando enxergava uma das avós chegando. Não importava o que eu estivesse fazendo, largava tudo e saía em disparada, grudando feito um carrapato em suas cinturas.
Abandonar minha cama pra dormir “encostelado” com elas era algo natural. Quando meu pai permitia, é claro. Às vezes, ele ficava brabo comigo e não deixava eu realizar aquele sonho perene, o que me levava à beira de uma depressão.
Em suma, era um grude, que não se perdeu, diga-se de passagem. Hoje em dia, a situação está invertida. Sou eu quem as visita, com muito mais freqüência do que antigamente, e com a diferença de que agora tenho como avisar. No entanto, o avanço tecnológico não diminuiu a alegria que temos quando chego em suas casas, também minhas, e a felicidade que todos sentimos quando estamos juntos.
Por ser o neto mais velho, sempre dispus de certos “mimos”. Meus avôs sempre brincavam que eu era o “filhinho das vovós”, devido ao apego, aos paparicos e, essencialmente, por eu ser o neto que mais tempo passava com elas. Aliás, não é injusto afirmar isso, até porque dei continuidade nessa tradição, sendo sempre o neto que mais procura, o que mais se preocupa e o que mais visita. Não desmerecendo meus irmãos e primos, pois é um mérito da questão que não precisa ser discutido. Contudo, justiça seja feita, sempre procurei fazer por merecer o amor que recebo.
Ao longo da minha vida, percebi que nem todos os meus amigos tinham essa simbiose com suas avós. Muitos, inclusive, nem têm mais os quatro avós vivos, o que me faz acreditar piamente que sou um cara de muita sorte, pois tem gente que nem conhece os seus, quiçá tem uma relação de afeto.
É por isso que meus quatro avós são tudo para mim, o que tenho de mais importante na vida. Uma bênção que Deus me concedeu e que procuro valorizar ao máximo. Não canso de afirmar o quanto sou uma pessoa melhor por tê-los em minha vida e por todas as lições que aprendi com a experiência deles, com o carinho que sempre tiveram em me cuidar e me ensinar a ser uma pessoa correta, um homem de bem e uma pessoa de valores morais muito sólidos.
Minhas avós são o máximo, e quem as conhece concorda comigo. Cada amigo que eu apresento pra elas torna-se mais um neto. Sinto um orgulho muito grande cada vez que digo “esta é minha avó”, ou “este é meu avô”, pois, como bem afirmou um amigo meu certa vez, depois que você os conhece, descobre o porquê de eu ser da maneira que sou, carinhoso, dedicado e sempre preocupado com o bem-estar dos que estão à minha volta.
Tenho a impressão de que, para elas, e para mim também, eu nunca cresci. Dentro do meu peito, conservo aquela mesma emoção de guri, brincando na rua, que enxerga a avó chegando e sai correndo para abraçá-la, agarrando sua cintura com aquele sentimento de “até que enfim, que saudade”. É nas casas das avós que tenho o melhor sono, as melhores refeições e me sinto mais protegido. Com elas, aprendi a ser humano, e aprendo todos os dias que a vida vale à pena, não pelo que você tem, mas por quem você tem nela.
Se você tem seus avós por perto, abrace-os e valorize-os. Há dezoito dias que não faço isso, e mais parece uma eternidade, tamanha a saudade que me corrói por dentro e a vontade de sentir aquele cheirinho de vó que só elas têm.
Sei que a vó Loreni dificilmente lerá estas palavras, mas sei que a vó Dilma sim, e se encarregará de contar desse texto para ela. Por isso, quero que vocês saibam do quanto sou feliz em tê-las junto de mim, que esse caso de amor entre nós é eterno e que uma das poucas certezas que tenho em minha vida é vou amá-las para sempre, com todas as minha forças. Essa é, sem dúvida, a declaração de amor mais verdadeira que eu já fiz.

Um beijo, vó(s)!

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