Agruras

Quero uma forma de viver tranqüilo,
e poder fazer da vida um adorável sonho,
sem ficar questionando isso, ou aquilo,
absorto num labirinto enfadonho.

Encontrar a matéria da mão amiga que socorre,
permitindo que a coluna permaneça em riste.
Que regue sempre a flor que às vezes morre,
para tornar a paisagem menos triste.

Quero caminhar a esmo em meus devaneios,
despreocupado com o efeito de uma decisão.
Livrar-me destes fantasmagóricos anseios,
fiéis parceiros no calabouço da solidão.

Ver que o equilíbrio da balança ainda é a saída
para os momentos de interrogação que detesto.
Carrascos ímpios de minha desilusão contida,
pano de fundo preferido deste teatro funesto.

Quero uma certeza, uma luz, um alento.
Uma esmola qualquer do mais inerte mendigo,
surto empático deste contumaz tormento,
que me faça, pelo menos, ficar em paz comigo.

2 comentários:

  1. Poesias sempre me encantam.
    Principalmente quando são assim tão lindas e tão sinceras...

    O último verso, achei o mais bonito, o que mais me tocou...

    Beijão pra tu!

    PS.: Comentei em todos os textos que não havia lido ainda, viu?

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  2. Pacto! Quem descobrir primeiro conta pro outro!

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