Qui nescit orare, pergat ad mare

E o que é a vida, senão um grande corredor? Uma passarela imensa, uma estrada, enfim, qualquer coisa que se possa classificar como lugar de passagem. Por ela, trafegam as pessoas, de maneira livre, sem que possamos determinar o tempo em que ali ficarão.
Por mais que seja doloroso em certos casos, todas as passagens têm começo e fim. Tendo isso por base, é inútil mover céus e terras para que alguém permaneça mais, ou menos tempo em nosso caminho, a não ser oferecer à pessoa a liberdade de cruzar por ele quantas vezes quiser.
Este é um assunto que, hoje, me parece mais simples do que já foi outrora, quando me desesperava ao ver que certos ciclos estavam encerrados. De fato, machuca pensar que uma pessoa querida pode seguir sua jornada sem a sua companhia, sem atravessar o seu corredor. Contudo, prefiro pensar que, se necessário for, ela por ali passará novamente.
Há aquela frase que diz: "não leve a vida tão a sério, afinal, você não sairá vivo dela mesmo...". Não que isso signifique que tudo pode ser encarado com irresponsabilidade, mas sim que a tranqüilidade é necessária em momentos onde é mais fácil fazer uma tempestade num copo d'água e pensar que tudo está perdido.
Por mais que eu me julgue responsável pelas pessoas que cativo, não posso impedir que trilhem os caminhos por elas escolhidos, ainda que eu não esteja presente nos próximos passos. E, daí para diante, resta dar atenção àqueles que eventualmente estão no início de meu corredor, bem como inverter os papéis e também sair a freqüentar corredores novos.
A vida é pura transição, e nada mais do que isso. Quanto mais variados forem os aprendizados, melhor embasada será a minha visão acerca do que, de fato, estou fazendo aqui. Desde que sejam lembranças boas as que deixamos por aí, não há porque se preocupar em um dia virar uma.
E nem estou escrevendo isso por estar saindo, ou chegando na vida de alguém. Escrevo porque sinto a necessidade de despreocupar minha mente de detalhes que não merecem a proporção que tomam em dados momentos. Preciso descomplicar o que os outros me trazem com tanta complicação, para poder entendê-los melhor e também entender o que se passa comigo.
Tudo isso se deve à frase em latim que coloquei no título, já que não havia pensado num título. O significado dela é: Quem anda no mar, aprende a rezar.

4 comentários:

  1. Oi, querido amigo!
    Que coisa essa vida, hein?
    Chegou o final do ano, começou a verdadeira correria: festas, férias... e acabei por me afastar deste blog, que é uma ótima fonte de bom humor e boa leitura.
    Daí me deparo com este texto falando das indas e vindas das pessoas na nossa vida. Isso me lembra váarios acontecimentos passados e me deixa feliz por ver que aprendemos muito com tudo aquilo.
    Bom, enfim... vim te fazer uma visita, só não aceito o chimarrão porque, como sempre, tô na corrida.
    Li só o post atual, mas vejo que talentos natos não se perdem.
    Bjão pra ti.
    Se cuida...

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  2. A um tempo atrás, era difícil pra mim perceber que pessoas estavam saindo do meu corredor, mas, um certo dia, resolvi pensar apenas nos momentos bons e nos aprendizados que tive. Resolvi pensar que, se ela(a pessoa) está saindo, é porque sua missão já havia acabado comigo, mas, o que importa, é que ela apareceu e isso já me faz sorrir muito!!!!!!!

    Beijão

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  3. Ah, sei lá.

    Acho que nós podemos fazer algo para que as pessoas continuem conosco, não é preciso ser sempre passivo neste ponto e esperar que as pessoas continuem ao nosso lado sem que façamos nada.
    É aquela história de cuidar do jardim para que as borboletas venham até ele, sem recisar caça-las. Mas e quando nós somos as borboletas?

    Abraço, mano velho!

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  4. Não vou ser tão longo (apesar de que adoro, da mesma forma que tu, ler comentários longos), mas me ocorreram várias coisas ao ler teu post.

    O corredor tem o tamanho que cada um quiser, tem quantas portas cada um quiser. Cabe a cada um abrir quantas quiser e cavocar as chaves para abrir as portas que estão trancadas.

    A doutrina kardecista prega o livre arbítrio, e é nesse conceito espírita que eu me apóio para muitas coisas e que também permito-me desencanar.

    E encerro com a uma frase debochada para conflitar ou complementtar teu título: "Não existem ateus numa pane de avião."

    Abração!

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