Protesto

Me intriga ver tanta gente se queixando da vida.
Sério, me desperta a curiosidade, sendo bem sincero.
Qual é a graça de passar a vida no escuro?
Será que tudo é tão ruim e sou eu que vivo brincando de casinha?
Não, não pode ser.
É uma desesperança que beira o alarmante.
Os motivos, então, são os mais pífios possíveis.
Inventam-se motivos, aliás.
Ou melhor, criam-se tristezas totalmente desnecessárias.
Há coisas no mundo que são uma merda? Ô, se há.
O Brasil é um país cheio de defeitos, corrupção e mosquitos? Bah, e como.
Políticos fedem? A maioria.
Mas, pelo amor de Deus, me respondam: no que vai ajudar ficar reclamando?
Mais do que isso, chorar o leite derramado resolve algum problema?
Eu hoje estou assim, pouco convencional, cheio de dúvidas que me intrigam.
Dá preguiça até de criar um parágrafo, que dirá de agüentar queixas.
Todo mundo tem o direito de ficar triste.
Porém, e o dever de reagir?
Eu mesmo respondo: é muito cômodo apontar erros em tudo, chorar, espernear.
Na hora do pega pra capar, no entanto, o que se vê são ainda mais lágrimas.
Fácil é queixar o Brasil, criticar o governo, a Globo, dizer que o BBB é uma merda.
Fácil é gozar dos direitos e ser do bem, sempre do bem.
Difícil é ter consciência dos deveres, de cidadão, de auto-estima.
Ter consciência que a primeira valorização tem de partir de dentro.
Me intriga o quanto as pessoas demoram a enxergar isso.
Me intriga mesmo.
Falar, bah, como é fácil.
Chorar, então, oh, Senhor, melzinho na chupeta.
Fazer, que é bom, necas.
Durma-se com um barulho desses...
Ah, quer saber?
Eu durmo.
Boa noite.