Pátria amada, idolatrada: salvem!

O que temos para comemorar no aniversário do nosso país? Lhes respondo: temos muito a comemorar. O fato de eu ser um otimista incorrigível não abafa todos os problemas dos quais o Brasil padece, dificuldades que todos sabemos enumerar sem meias palavras.
No entanto, comparo a pátria com minha mãe, aquela que me trouxe à vida. Ela está longe da perfeição, disso não tenho dúvidas. No trânsito, chega a dar nos nervos. Para se ter uma idéia, quando minha mãe tirou carteira, há uns doze anos atrás, o apelido dela no bairro era "Senninha". De lá para cá, pouca coisa mudou. Semana passada vi um cágado dando sinal de luz para ultrapassá-la em via pública. Um acinte.
Além desse, muitos outros são os defeitos da minha querida mãezinha. Entretanto, meus caros, sempre que detecto uma falha sua, lembro que temos o mesmo sangue, e procuro observar se não faço coisas piores. Por exemplo, minha mãe nunca dirigiu alcoolizada. E aí, enfio a violinha no saco e dou graças a Deus por ter um alicerce tão firme dentro de casa.
Essa pequena comparação serve para ilustrar o que eu penso a respeito do Brasil. O que mais se vê por aí é gente enchendo a boca para difamar brasileiros, chamar conterrâneos de burros, de atrasados, denominar o país como sendo de terceiro mundo, dentre uma sorte de impropérios que, verdade seja dita, até que possui certo fundamento, mas não tem necessidade de ser repetida tantas vezes.
Os mesmos que xingam nossa terra são aqueles que cantam emocionados o hino nacional quando a seleção entra em campo numa Copa do Mundo, ou que fazem uma farra sem igual durante a folia carnavalesca. Amam as bandas internacionais, mas não decoraram sequer uma letra de Chico Buarque. Odeiam o Bush, mas não sabem quem foi Tancredo.
Sinceramente? É muita perda de tempo com detalhes dispensáveis e pouca mão na massa. Eu, Antônio, tenho condição financeira razoável, ganho meu salário, nunca passei fome, tenho cama quentinha pra dormir, posso muito bem descansar meu traseiro num sofá e mandar esse caso Isabella às favas, enjoado de tanto sensacionalismo. Só não faço isso porque tenho um irmão de nove anos e, se uma tragédia dessas chega a acontecer na minha família, nunca mais conseguirei viver em paz.
Empatia. É isso que falta aos brasileiros que têm acesso à educação, tecnologia e recursos financeiros. Não sabe o que é ser empático? É ver o vizinho tendo o décimo segundo filho em doze anos e pegar o bebê pra criar, como tanta gente faz nas favelas, por exemplo. Os pobres, aqueles miseráveis, são as pessoas mais empáticas que existem, pois entendem a dor da necessidade.
Natalidade, corrupção, distribuição de renda, educação, violência, nossa, como temos problemas para criticar, não é mesmo? Para quem tem televisão, uma gama de canais a cabo e internet à disposição 24 horas por dia, fica ainda mais fácil encher a boca para protestar. Já quem trabalha catorze horas por dia, agradece a Deus quando consegue ler o jornal sossegado.
Estamos num país que nós tornamos desigual, mesmo sem percebermos. Não tem como o Brasil ser mãe gentil dos filhos deste solo, se apenas idolatrarmos a pátria amada nos momentos de glória do esporte e nada fizermos para salvá-la. Falta respeito e coerência. Não para com a terra, mas para com os cidadãos que nela vivem, e que são definitivamente parte da pátria.
Eu sou o Brasil, tu és o Brasil. Todos somos. Enquanto não houver essa consciência, o conforto do sofá será mais conveniente para que sigamos criticando o canal mais tendencioso, o político mais corrupto e o ladrão mais violento, sem saber que sou o brasileiro mais preguiçoso.
Parabéns, Brasil, pela terra linda que és, miscigenação de raças e culturas. Que teu povo enxergue isso e faça valer a pena o gesto de cantar o verso que diz "dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil".

10 comentários:

  1. E en tal maneira hé graciosa
    Que querendo a aproveitar darse a neela tudo
    per bem das ágoas que tem
    Paro o mjlhor fruito que neela se pode fazer
    Me pareçe que será salvar esta jemte
    E esta deve ser a principal semente que Vosa Alteza
    Em ela deve lamçar

    Pero Vaz de Caminha

    Há 500 anos sobre a terra
    Vivendo com o nome de Brasil
    Terra muito larga e muito extensa
    Com a forma aproximada de um funil

    Aquarela feita de água benta
    onde o preto e o branco vem mamar
    O amarelo almoça até polenta
    E um resto de vermelho a desbotar

    Sofá onde todo mundo senta
    onde a gente sempre põe mais um
    Oh! berço esplendido agüenta
    Toda essa galera em jejum

    Apesar de Deus ser brasileiro
    outros deuses aqui tem lugar
    Thor, Exu, Tupã, Alá, Oxossi
    leus, Roberto, Buda e Oxalá

    Aqui não tem terremoto
    Aqui não tem revolução
    É um país abençoado
    Onde todo mundo põe a mão

    Brasil, potência de neutrons
    35 watts de explosão
    Ilha de paz e prosperidade
    Num mundo conturbado
    E sem razão

    A mulher mais linda do planeta
    Já disse o poeta altaneiro
    Que o seu rebolado é poesia
    Salve o povão brasileiro

    Mais do que um piano é um cavaquinho
    Mais do que um bailinho é o carnaval
    Mais do que um país é um continente
    Mais que um continente é um quintal

    Aqui não tem terremoto
    Aqui não tem revolução
    É um país abençoado
    Onde todo mundo mete a mão

    Brasil, potência de neutrons
    35 watts de explosão
    Ilha de paz e prosperidade
    Num mundo conturbado e sem razão

    Acessei algumas páginas hoje e que me lembre nenhuma delas fez referência ao dia de hoje!!!!
    BEM BRASIL
    Premditando o Breque
    PREMÊ

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  2. Um dos textos mais bem feitos que já li por aqui.
    Concordo com o sensacionalismo da Isabella, concordo com a preguiça e inercia que temos para agir, e principalmente, concordo que criticamos demais.
    No Rio de Janeiro por exemplo com essa epidemia de dengue, só se fala nisso, em coisas negativas, eu quero mais é abençoar minha terra, Brasil e estado.
    A palavra encaixe é essa: Abençoar.

    Beijos!

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  3. É verdade, falta empatia. Falta dedicar 5 minutinhos ao bem, seja ao próximo, a você mesmo, ao mundo. São pequenas atitudes que mudam o mundo, o nosso mundo, a nossa casa, o nosso Brasil.

    Bjo

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  4. Temos um país tão bonito e com muita coisa boa para oferecer, pena que sempre o lado ruim dele que está em alta...

    Está mais do que na hora de mudarmos esse pensamento, seja pessoalmente, deixando a acomodação de lado como tu bem colocou. Seja pela maneira como ele é visto pelos demais países.

    Brasileiro não é o povo do jeitinho nada, é um povo amigável, alegre, mas que luta pelos seus ideais com muito esforço e trabalho. Essa é a mensagem que temos que passar, é assim que o mundo tem que nos ver! Só que não adianta dizer que é o governo que tem que agir e mudar isso, cabe a nós fazermos a mudança!

    Belo texto! ;)

    Beijos.

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  5. Mas é tãooo gostoso ver que esse menino escreve cada dia melhor!
    Um bjo

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  6. Eu tenho orgulho de ser brasileira!
    E de ser gaúcha também!
    Também acho que devemos ver o lado bom das coisas, e temos muita coisa pra nos orgulhar!
    Tô passando hoje rapidinho pq tô que nem louca com tanta coisa pra fazer...Mas como já disseram, um de
    seus melhores posts.
    Bjão

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  7. Ótima crítica Antônio. Na minha aula de realidade política, social e econônica do Brasil, o professor fala que o povo brasileiro se vê exteriorizado ao país, ou seja, não se enxerga dentro do próprio lugar onde vive, por isso não luta, não exerce os direitos e não cumpre os deveres, além de não participar ativamente da política do país. Falar e difamar é fácil, quero é ver se alguém tem a coragem de bater de frente e lutar pelos ideais como fizeram muitas pessoas que morreram lutando na época da ditadura. Mas o tempo passa e a gente vai aceitando, vai xingando, vai lamentando e tudo bem... o carnaval chega, o futebol dá orgulho e a gente se contenta!
    Feliz 22 de abril!

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  8. tem um meme pra você lá no meu brogue.

    *

    prefiro ser lider de torcida nos torneios.


    bj*

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  9. Já leu o texto da Tereza, do http://www.canetavazia.blogger.com.br/. Tô olhando mais o nosso país desse jeito.
    Bjitos!

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  10. eu tb adoro o Brasil, as vezes falo mau de uma coisa ou outra, mas no fim eu AMO esse chão, amo o Rio Grande, e AMO minha cidade, mta gente fala mau daqui, quer se mandar, pra mim aqui é o meu lugar, e daqui nao saio, mtas vezes as pessoas falam mau apenas por modismo, pq eh moda criticar, mas no fundo acho que todos AMAM o Brasil como vc o ama..
    beijao

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