Liderar e coçar, é só começar

Desde que me conheço por gente, sempre estive envolvido com liderança. Não sei se pelo estilo bonachão e despachado, ou pela seriedade que aparento (ainda que seja mais aparente do que propriamente séria), mas as pessoas sempre gostaram de me colocar à frente dos grupos.
Das turmas nas quais estudei, fui líder ou vice-líder em quase todas. Naquela época, chamávamos de representante de turma. As atribuições eram poucas, como participar de algumas reuniões, abraçar a diretora, em nome da turma, no dia do seu centésimo sexto aniversário, confeccionar o cartaz dos aniversários, guardar a chave do armário, essas coisas.
Lembro-me bem que sofri um impeachment na sétima série. Também, pudera, eu era terrível, estava no meu auge da bagunça. Parecia um demônio da Tasmânia, atropelando tudo o que via pela frente, enquanto minhas doces e delicadas coleguinhas amadureciam em decorrência da puberdade, o que as fez considerar minhas atitudes infantis. Juntaram-se lá com dois nerdzinhos (naquela época ainda classificados apenas como CDFs), encheram os ouvidos da professora conselheira e, desgraçados, me destituíram do cargo. Fiquei fulo da vida, armei um banzé, tentei, ditatorialmente, resistir, mas não deu. Organizaram outra eleição e fiquei a ver navios.
Mas, se até o Collor mereceu uma segunda chance, por que eu não me reergueria, concordam? Nas séries subseqüentes (trema, jamais te abandonarei!) adquiri a tal da maturidade e consegui novamente galgar cargos de liderança no Ensino Médio. Concomitantemente, assumi a coordenação da Pastoral da Juventude do colégio, protagonizando inclusive a primeira e única reeleição da história do grupo até hoje.
Em 2006, iniciei o curso técnico de Comércio Exterior, onde ocorreu outro fato marcante: a primeira aclamação. Tamanha foi a empatia que eu desenvolvi com a turma nos primeiros dias, que dispensaram a eleição, empossando-me diretamente para o cargo de líder, comigo então já acostumado a comandar. Não cheguei a concluir o curso, mas ficaram boas lembranças e amizades, felizmente.
Sem participar de turmas ou grupos nos últimos tempos, passei um período sem liderar. Até que vieram as eleições do coral há um mês atrás, quando fui convidado para ser vice-presidente da única chapa concorrente, aprovada por todos e que me devolveu a sensação de estar novamente inserido nessa muvuca toda.
Pois bem, eis que ontem ocorreu novamente, dessa vez na faculdade. Quando a professora perguntou se a turma indicava alguém para a liderança da turma, ouvi, com regozijo, meu nome ser entoado em coro pela massa. Pra não fazer desfeita, é claro que aceitei, e devo confessar que fiquei contente em, mesmo sem me manifestar, despertar a confiança das pessoas, a ponto de ser indicado para representar o grupo.
Aliás, fico pensando no que enxergam em mim para me considerar um líder, já que não sou o cara mais responsável do mundo. Bem pelo contrário, até que eu curto uma preguicinha de vez em quando. Eu brinco com a vaidade e, como bom libriano, tenho uma relação afetiva com meu ego, que atualmente reside na Lituânia, desde que decidimos que a América é pequena demais para nós dois.
Bem, se eu disser que não gosto de chamar a atenção, estarei negando o signo que corre em minhas veias. Faço isso com prazer, o que, segundo alguns, me torna carismático. Procuro fazer as pessoas sorrirem, valorizo os esforços e critico com critérios, evitando menosprezar a capacidade alheia. Deve ser essa a receita.
Não me vejo, contudo, envolvido na política, como alguns chegam a sugerir. Nah, nada de leis e obrigações pesadas, burocracia não é comigo. Sou feliz assim, com minha simplicidade, liderando pequenos grupos, exercitando a oratória quando necessário e exultando de alegria em continuar sendo visto como um cara do bem. Não de maneira unânime, pois já dizia Nelson Rodrigues que a unanimidade é burra. Porém, convenhamos que agradar à maioria é algo que vem a calhar.

8 comentários:

  1. Meu caro líder nato, não me admira essa empatia que despertas nas multidões, entusiasmadas com a sua simpatia, com a sua oratória e, claro, com as suas piadas. Se aqui, no frio ambiente cibernético, já nos deixa a sorrir com seus textos engraçados e suas fotos hilárias, que dirá pessoalmente... Eu não os culpo por te amar. Só veja que não deves usar os teu poderes para o mal, pois sim?... Seja do bem, sempre e mais um pouco.
    Grd abraço!
    PS: não esqueça da nossa missão amanhã: secar o Boca, para que os argentinos fiquem de Boca aberta.
    Valeu!

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  2. Que massagem no ego heim?

    E que orgulho que vc dá aos seus amiguinhos heim?!

    Vamo logo se candidatar a vereador pra ver se a gente consegue mudar alguma coisa nesse país!!!

    Bjo

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  3. "seriedade que aparento" (?) Vendo as tuas fotos, seriedade é a coisa que você menos aparenta, Antônio! Hehehe
    Talvez deva ser pelo carisma que tens que és tão aclamado para liderar ou vice-liderar pequenos grupos! E, todos os librianos que conheço carregam esse dom de liderança, porém, ao contrário do que dizes a teu respeito, eles são bem organizados...
    Te cuida! Logo, estaremos todos entoando: Antônio Augusto Aguiar Dutra Jr para presidente!

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  4. Não quer saber de política?!
    Na sua idade Severino Cavalcanti também pensava assim, sabia?
    hahahaha
    (fato inventado... ¬¬).

    Pra ser líder, um requisito mínimo é ter bom senso. Vai ver que vc tem né!
    heheheeh

    *qnd vc perg. oq veem em vc eu só pensei: branquelice!
    juro qu não foi tirando onda, fluiu apenas!
    uahauhauhauaha
    :D

    ;*********

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  5. Cara, até a oitava série eu era sempre aclamado como líder, mas desde uma péssima experiência no cargo na quinta série, nunca mais aceitei ser líder. Eu gosto de ter minha opinião respeitada, mas mandar não é algo que me agrade (não absolutamente, pelo menos).

    E agora que tu falou no trema, me lembrei. Das mudanças que ocorrerão realmente, a única que eu não gostei mesmo foi o desaparecimento do acento diferencial. O trema quem bota pra mim é o word, e os hífens é só questão de hábito pra pegar as novas regras. O que eu não suportaria mesmo seria escrever as letras mudas, mas isso, por sorte, vai mudar no protuguês lusitano, que vai deixar de usa-las.

    Abração!

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  6. Você é um orgulho mesmo Antônio! rs

    Tem gente que nasceu com dom e você deve ser uma dessas pessoas predestinadas a liderar grandes multidões, assim como foi Hitler, Vargas, e por ai vai... (meus exemplos foram ótimos, pode falar! foi tudo pensando em suas atitudes de 7ª série.. ahahha)

    Boa sorte nessa nova empreitada!

    beijo

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  7. Agradar a maioria é mesmo algo impossível, mas seu carisma aproxima mesmo as pessoas, até aquelas que estão bem longo, há muitos quilômetros de distância. =)
    Mas como a Fê disse, te cuida que quem sabe estaremos todos no coro, e eu farei parte... heheheh...
    Beijão!

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  8. Acho importante assumirmos esse tipo de coisa para nós mesmos: que gostamos de estar a frente sim. O que não precisa significar que outros estarão abaixo de nós, certo?
    Bjitos!

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