Maiúscula derrota

Escrevo poucos segundos após a equipe do Internacional atropelar meu Grêmio pelo escore inimaginável de 4 a 1. Metáfora melhor do que essa não poderia existir para que eu desabafe neste momento.

O Grêmio mereceu cada um dos quatro gols sofridos. Já o Inter, mereceu a vitória e, mais do que isso, a goleada. O tricolor entrou em campo alicerçado na soberba de seu presidente, o qual afirmou que seu time passaria a máquina por cima do colorado. É inegável que o Grêmio, há tempos, pensa que o título é seu e de ninguém mais. Contudo, o que se vê, de uns tempos para cá, é o crescimento do Inter e a derrocada gremista.
Merece o colorado ser feliz. Merece muito. É um time aplicado, de excelentes jogadores, craques até, e um técnico competente. Administrado impecavelmente por pessoas sérias e de visão futebolística, afirmo, sem titubear, que esse resultado faz jus à situação que contemplo.
Por outro lado, o Grêmio mereceu ser humilhado. Cada gol, cada ponto perdido, cada surra, está aí o castigo mais do que anunciado por seus erros neste segundo turno. Pensou o tricolor que estava tudo acabado, que jamais perderia o posto de líder; pensou o Grêmio que sua situação era tranqüila, confortável e inabalável. É justo, portanto, que sofra, que seja escurraçado e infeliz.
Hora de baixar a cabeça e aceitar a derrota. Aceitar que o time é medíocre e fantasioso. Que, ainda que o resto do Brasil enxergasse qualidades em seu escrete, não passa de uma piada, uma farsa. A equipe gremista deve, sim, ser castigada por sua incompetência recente. Não bastava conquistar a liderança, mas sim mantê-la, cuidar dela com carinho e aplicação, algo que o time não fez e, por conseqüência, tem mais é que experimentar o inferno, a humilhação, a retumbante derrota.
Estou mais do que triste. Estou acabado. Após um aniversário de plumas e paetês, eis que fui presenteado com o mais amargo dos vocábulos da língua portuguesa: derrota. Aceito, no entanto, isso com passividade e submissão. Não tenho forças para reagir. Amo meu time, esse clube faz parte da minha corrente sangüínea, mas a auto-flagelação é inevitável, porque veio na hora exata.
A cada uma das quatro vezes em que vi a bola ultrapassar a meta gremista, percebi que está se cumprindo nada mais do que o que todos disseram: nada está ganho, muito cuidado, vá com calma. Conselhos não ouvidos, castigo merecido e justificado sem dó, nem piedade.
O Internacional precisa, agora, ser implacável. Que massacre o rival em críticas frias e atrozes. Que lhe vire as costas e usufrua de sua felicidade latente. Que lute pelo título, pelas conquistas maiores e esqueça o mísero tricolor da Azenha, liquidado por sua imensa vaidade, tombado pela incompetência e, por que não dizer, má qualidade técnica.
Metáforas, metáforas e metáforas. Poderia passar horas aqui escrevendo e destilando todo o meu sarcasmo após este tapa de luva presenciado. Que se cumpra a escrita e, conformado, eu aceite a cruel realidade. Não tenho forças para brigar com a verdade nua e crua. Um Inter fortalecido, um Grêmio reduzido a pó. A vida é, sordidamente, assim mesmo: num dia se está por cima, mas, quem planta colhe, e noutro se está por baixo, e bem por baixo. Duas palavras? Bem feito.

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