Mormaço

Há tempos que não falo sobre o clima por aqui. Lembro dos invernos rigorosos que renderam inúmeros relatos, pelo menos enquanto ainda conseguia movimentar as falanges, das tantas vezes em que jurei ter visto pinguins e ursos polares andando abraçadinhos no shopping. Sempre foi a forma que tive de externar o meu desespero em ter de enfrentar temperaturas exacerbadamente baixas. Aliás, continuo afirmando, sem medo, que prefiro o verão ao inverno.
Agora, vamos e venhamos: uma coisa é fazer calor, cultivar aquele suor gostoso que te deixa todo grudento, precisando de banhos o dia inteiro e clamando por um sorvetinho qualquer. Vá lá, respeito quem não goste destes dias de calor de trinta e cinco graus, afinal de contas, cada um sabe onde o sapato aperta. Outra coisa bem diferente é essa hecatombe climática que se abateu sobre o Rio Grande do Sul! Pelas barbas de Cacilda Becker, o que deu no bom e velho São Pedro? Cadê as temperaturas sulinas com suas amenidades? Onde foi parar a brisa, um simples ventinho qualquer que cause mais frescor que Close Up?
Não há como não reclamar, a sensação térmica beira quarenta e cinco graus, um verdadeiro Deus nos acuda está acontecendo por aqui. O ar-condicionado não dá mais conta, o vento que sopra na rua basta para assar um churrasco em vinte minutos e eu tô bom de mudar a minha cama para dentro da geladeira, porque a situação é realmente periclitante.
Sozinho em casa durante a semana, o quadro da dor piora ainda mais, pois quando chego em casa sou recebido com uma lufada de calor, um bafo estratosférico que me faz suar até nos dentes. Qualquer tarefa doméstica que eu tente exercer me arranca litros d’água do corpo. Fui lavar a louça – acumulada há três dias – e suei mais do que quando jogo no Calixto; fui para o tanque esfregar uma camisa e quase dei um salto ornamental pra dentro do balde; ao trocar a água dos cachorros, quase me espojei na tijela feito um canário belga.
E tomar banho, então, de que adianta? O cara entra no chuveiro suando feito um matungo velho, refresca o couro durante efêmeros dez minutos e, ao primeiro toque da toalha, uma verdadeira tsunami sudorípara brota de todos os poros possíveis e imagináveis, chegando ao ponto de ser possível pôr uma placa no pescoço com os dizeres "Bem-vindo a Cachoeira do Sul". Tô perdendo tanto líquido, que meu sistema urinário entrou em racionamento.
Juro que queria contar mais peripécias de mamãe por aqui, mas, enquanto persistir o clima desértico por aqui e eu continuar ouvindo as trombetas do apocalipse soando a cada termômetro, será impossível escrever sobre qualquer outra coisa que não seja o derretimento da minha massa corpórea. Aliás, vou até parar por aqui, que essa digitação toda já me deixou ensopado. Calorão!

3 comentários:

  1. Nem me fala!
    Tu ainda gosta de calor... e eu?
    Falei pra S. Pedro já: "tô levando pro lado pessoal..."

    Beijos, guri.

    =)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Pelas bandas daqui sempre foi quente... Mas ultimamente também está fora do normal....

    Beijão pra tu

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