Não mata, não engorda e não faz mal

Houve um tempo em que desprezei o Carnaval. Para comprovar isso e também mostrar que não sou um hipócrita contraditório, lhes apresento este link aqui, que deixa bem claro qual era a minha postura frente à maravilhosa festa móvel que vende o Brasil pelo mundo inteiro.
A bem da verdade, continuo não sendo fã desse carnaval de televisão, repleto de bundas, peitos, celulites e suas mulatas à volta. Não me atrai a idéia de prostrar-me diante do televisor e contemplar a modorrenta passagem das escolas de samba, acompanhadas de explicações enfadonhas acerca do enredo, fantasias, harmonia e o diabo a quatro.
Contudo, essa época do ano sempre me fez aproveitar o feriadão, até então única vantagem constatada, para fugir para o mais distante possível da folia, uma vez que meu samba no pé é de dar dó. Tendo quatro dias de folga, tudo o que eu mais fazia era dormir, dormir e dormir.
Pois é, mas a caravana passa, os cães ladram e a vida muda. Mesmo que haja quem não creia verdadeiramente na mudança de um indivíduo, revi também meus conceitos em relação aos tempos carnavalescos.
Não, não aprendi a batucar tamborim, tampouco virei puxador de samba-enredo no morro mais próximo, nada disso. Apenas permiti que um pouco de diversão adentrasse minha estática vidinha mais ou menos, e esse ano vou confundir-me com serpentinas, confetes e as deliciosas marchinhas que, graças a Deus, ainda sobrevivem aos tempos modernos.
Atendendo a convites, resolvi que vou a um tradicional baile de carnaval aqui da cidade curtir adoidado e pular feito um canguru com incontinência urinária. De uns tempos pra cá, buscar a diversão nas festas tem sido uma tarefa deveras importante, já que as antigas fontes de alegria parecem sucumbir dia após dia. Com todas essas mudanças, é claro que seria melhor ainda ir para o carnaval bem acompanhado, curtir a festa de maneira sadia e depois voltar para casa com o sorriso nos lábios. Entretanto, minha companhia já não parece mais nem um pouco indispensável, o que achata toda e qualquer esperança imaculada.
Ainda bem que há outros, não é mesmo? Amigos de festa, de fé, de felicidade. Surgem de maneira inusitada, como arlequins, pierrôs e colombinas, contagiando e sacudindo essa cidade. Eu, que de bobo só tenho a cara e o jeito de andar, trato de transmutar-me em qualquer fantasia, nem que seja um simplório colar havaiano e, num gesto de rendição, caio na folia junto.
Ah, e jogando a pá de cal definitivamente em meu feriado, terei de trabalhar na segunda-feira, ou seja, os passeios terão de ser curtos como coice de porco. Mesmo porque, devido aos últimos estragos financeiros que o carro proporcionou a este pobre vivente que vos escreve, o mais adequado seria abordar os foliões e, piedosamente, cantar "me dá um dinheiro aí"...

Boa folia a todos e aproveitem com responsabilidade! Eu já tenho minha carona garantida...

4 comentários:

  1. Ah, eu ia gostar de ir numa festa dessa. Mas eu to meio pra baixo ultimamente também, aquela sensação de que tudo é difícil, tudo é dolorido, etc.

    Aproveitarei do meu jeito, aqui em casa, talvez sair com algum amigo daqui, sei lá.

    Boa folia pra ti!

    Abraço!

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  2. Sou carioca e principalmente fanática pelo carnaval de rua e por essa época de anta felicidade. Concordo principalmente quando você diz que nunca te atraiu o carnaval televisivo e almofadado, a mim também nunca atraiu.

    Desde pequena penso que o carnaval é a celebração da felicidade, desde a forma mais simples que está em fantasias e confetes, até dias e noites em claro com os amigos escutando marchinhas.

    Adorei o texto, Bom carnaval!!

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  3. Estou numa época de questionamentos, ou seja, minha visão de Carnaval está totalmente distorcida do que a maioria pensa e faz acontecer. Pois como no início do seu post: constatei que não é essa beleza que o Brasil vende ao mundo inteiro.

    Espero que essa frustrante descoberta passe!

    Boa folia.
    Beijos
    ;*

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