Haja coração, amigo!

Brasileiro é um povo previsível. Por mais que pareça o contrário, temos que admitir que é verdade. Em época de Copa do Mundo, não se fala em outra coisa em terras tupiniquins. Até mesmo as exceções justificam a regra, uma vez que quem não gosta de futebol fala mal dele para contrariar a enxurrada midiática apelativa, ou mesmo cita a Copa antes de introduzir um assunto alheio, para pelo menos deixar clara a sua contestação.
Eu, sem o menor pudor, admito que sou admirador inveterado do esporte bretão. Estou ligado a 220V nessa Copa, leio todas as matérias, acompanho os jogos, participo de bolões e mastigo meu almoço com os olhos petrificados diante do segundo tempo das partidas que têm início às 11 horas da manhã.
Aliás, graças à Fifa e à organização de seu torneio máximo, encontrei uma utilidade para o meu Twitter, que até então estava jogado às traças, dada a minha inaptidão em resumir meus pensamentos a míseros 140 caracteres. No futebol, contudo, como cada lance é rápido, o dinamismo das partidas e a infâmia dos trocadilhos baratos que surgem nesse tipo de evento me propiciaram a orgástica sensação de tuítar. Noves fora, viciei na porcaria do Twitter.
Sinceramente, terei de ser internado numa clínica de desintoxicação twittiana quando a Copa do Mundo terminar. Essa história de "eu paro quando quiser" é balela, minha fissura está atingindo níveis orkutianos, é o caos! Aquela coisa de ligar o computador e correr para acessar o twitter, acompanhar os comentários alheios e, pasmem, dia desses me flagrei assinando meu nome com uma @ na frente.
O maior culpado disso tudo, no entanto, é um sujeito oculto que atende pelo nome de futebol. Talvez o universo feminino ainda não tenha compreendido tamanho magnetismo que esse esporte exerce sobre a testosterona, assim como nós homens também não entendemos certas práticas das mulheres, como prostrar-se diante de uma vitrine, e depois diante de outra, e de outra, e de outra, sem nunca cansar.
De todo modo, do alto de meus parcos conhecimentos acerca das origens da raça humana, eu poderia arriscar um palpite de que o que torna o futebol tão interessante aos olhos masculinos são dois aspectos básicos: a competitividade e a imprevisibilidade.
Qualquer homem gosta de competir. Chame dois guris de oito anos, ponha-os frente a frente, reúna uma turminha de outros cinco ou seis meninos e faça-os disputar uma singela rodada de par ou ímpar. O vencedor será ovacionado pela galerinha, enquanto que o perdedor permanecerá rangendo os dentes até que lhe seja concedida uma nova oportunidade de competir e, consequentemente, alcançar a vitória. O homem gosta de competir e vencer.
O futebol, no entanto, nos concede a graça de competirmos torcendo. Sabemos que os jogadores que estão em campo jogam também pela vaidade, uma vez que sabem que representam milhões de torcedores ávidos pela vitória. Com isso, quem torce joga junto, vibra, leva as mãos à cabeça, manda chutar, chama de pereba e xinga o técnico, como se tivesse o conhecimento de causa suficiente para tal. Isso se deve ao fato de que nos criamos batendo bola nos campinhos e, de uma forma ou de outra, temos uma pequena vivência acerca do aspecto anímico da partida, do que é possível fazer com a bola nos pés e, claro, do caminho das pedras para se chegar à vitória.
A imprevisibilidade é a consequência de competir. Quando um dos adversários não se entrega e sobrepõe a falta de técnica pondo o coração no bico da chuteira, como diria o ilustre filósofo mais amado do Brasil, Galvão Bueno, fica mais difícil prever o resultado final da partida, uma vez que futebol também se ganha com garra e persistência.
No futebol atual, quantas vezes vemos um time considerado mais fraco triunfar diante de uma equipe constituída de jogadores habilidosos, famosos e ricos? A frase "não existe mais bobo no futebol", ainda que seja um clichê barato nas mesas de bar e nos programas de debate, não deixa de ser quase que uma verdade absoluta.
Esse esporte, portanto, encanta pelo simples fato de que, quando o juiz apita o início do jogo, nunca se sabe qual será o resultado dali a noventa minutos. Cada lance é decisivo e um pequeno erro pode ser crucial e determinante no placar final. Enquanto as mulheres olham para a televisão e enxergam apenas 22 brutamontes correndo atrás da bola (há inúmeras exceções, é claro, já que existem mulheres que dão banho em muito marmanjo por aí), os homens analisam o posicionamento, escutam atentamente os comentaristas - e depois discordam deles - inventam o tira-teima, o replay por outro ângulo e a análise tática no show do intervalo.
O futebol está para o homem da mesma forma que seu relacionamento com as mulheres: depois que você passa a entendê-los verdadeiramente, ambos tornam-se apaixonantes. O problema é que alguns acabam se excedendo e valorizam demais o esporte em detrimento de suas parceiras. Mas, aí já é burrice e assunto para ser discutido em outra oportunidade.

Agora, se você gosta de Copa do Mundo e concordou com 70% do que escrevi, siga-me no Twitter clicando AQUI.

3 comentários:

  1. Eu concordei com mais de 70%, por isso estou te seguindo no twitter! ;D

    Abraço, meu caro!

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  2. Esse ritmo de copa do mundo tem feito até mesmo EU gostar de futebol, às vezes até comentando e falando mal do Dunga, ou do Kaká...

    É o fim dos tempos!

    Abraço, mano velho!

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  3. A copa do mundo me deixa num estado mais tenso do que final de Brasileirão do Flamnego. Nesse momento estou terrivelmente apaixonada por futebol, capaz de discutilo nas mínimas, como uma verdadeira aficcionada. Entao, acho que entendo bem do que está falando aí. Não to dando banho em muito marmanjo nao, mas estou discutindo de igual para igual com o meu avô (!).
    Não, não é o fim do mundo. É só a copa do mundo.
    Vai Brasil!

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