Minha feliz retrospectiva 2010

Passado o Natal e todas as suas adjacências marqueteiras e capitalistas, é hora de deixar-se embuir pelo que restou do espírito natalino e tratar de fazer algumas constatações. Estamos nos acréscimos de 2010, um ano que para muitos pode ter sido "apenas mais um ano", como tantos já foram para mim, mas que a meus olhos é diferente, pois foi marcante, único e inesquecível.

Dois mil e dez foi o melhor ano da minha vida.

Ele começou diferente. Quando os primeiros fogos estouraram à meia-noite de 1° de janeiro, eu estava embriagado n'algum lugar do calçadão de Itapema, em Santa Catarina. Foi um reveillón de pura indiada, de fatos inesquecíveis e de uma odisséia em busca do amor, uma viagem tresloucada atrás da mulher da minha vida. Não foram dias fáceis, mas, apesar dos pesares, foram maravilhosos. Graças àquela passagem inusitada, cresci absurdamente, livrei-me de amarras que impediam meus avanços e tornei-me uma pessoa melhor. Foi o pontapé inicial para um ano glorioso. A menção honrosa fica por conta de meus fiéis escudeiros, Cláudio e Luci, as únicas pessoas que sabem a dimensão e o real significado de cada quilômetro percorrido.
Janeiro e fevereiro foram quentes e angustiantes. Ainda entoxicado pelo período de festerês e gastos absurdos com festas e perdição, no fundo o que pulsava era a espera por uma definição, o deslanche tão necessitado, o aceite das minhas artimanhas, a colheita antecipada de sementes recém jogadas ao solo. Mas, como tudo tem seu tempo certo de acontecer nessa vida, algumas luas ainda passaram até que tudo acontecesse.
Em março, andei de avião pela primeira vez na vida. Queria ter escrito um texto sobre isso, mas não consegui. Sou assim, meio tardio, conheço certas coisas depois que todos já estão enjoados de fazê-las. Ainda assim, foi inominável: quando chamaram meu vôo, fiquei feito uma codorna num aviário repleto de galinhas afoitas, mais perdido que surdo em bingo, sem saber o que fazer. Mas, quando pisei no corredor de embarque, meus olhos marejaram. Era a prova concreta de que voaria. Entrei no avião, apertei os cintos, escutei todas as informações em português e inglês, sorvi a maravilhosa sensação da primeira decolagem e... dormi. Sim, eu dormi no meu primeiro vôo! Bah, estava exausto, a jornada do fim-de-semana fora intensa e meu corpo preferiu descansar.
Passei uma semana em São Paulo a trabalho, comendo do bom e do melhor no hotel, dormindo numa cama king size e assistindo ao Big Brother. Pena que dormi no paredão da Cacau... Ok, esse foi um momento de cultura inútil e odiosa. Desculpem.
Fechando o primeiro trimestre, como eu ainda era solteiro, devo relembrar duas festas marcantes feitas com meu amigo Popins, vulgarmente conhecido como Fernando no interior do Rio Grande do Sul. Dani, não fique braba, foram apenas festas. Porém, há fatos que aconteceram no carnaval e em Nova Petrópolis - principalmente no primeiro - que são literalmente impublicáveis, o que certamente despertará muita curiosidade nas mentes mais férteis. Contudo, fiquem tranquilos, não foi nada que possa gerar algum exame de DNA nas próximas semanas.
Abril foi um mês no estilo "graxaim com mão pelada". Não fedeu, nem cheirou. Lembro que trabalhei bastante, mas as indefinições corroíam meu pâncreas e feriam minha concentração. Por sorte, no mês seguinte, o esperado ocorreu.
Maio foi o advento. Bem-aventurados os nascidos em maio, porque deles é o Reino dos Céus. Noutros tempos, este mês causava-me calafrios. Era uma espécie de agosto antecipado, uma síndrome de cachorro louco apoderava-se de meu ser e eu ganhava faniquitos. Devia ser macumba, não há outra explicação plausível. Felizmente, alguém deve ter desenterrado o sapo e descosturado sua boca onde constava o papelzinho com meu nome escrito, o que me libertou para a felicidade eterna. Foi no vigésimo nono dia de maio que a Dani finalmente cedeu aos meus encantos - pela tricentésima vez - e voltamos a namorar.
Daí em diante, nasci outra vez. Não seria nenhum exagero subir numa mesa do restaurante e gritar FELIZ ANO NOVO pela segunda vez em 2010 aos presentes, mas ponderei e não considerei adequado para a ocasião. Mesmo assim, internamente este fato significou uma mudança de ares tão necessária quanto a reforma tributária no Brasil. Dali em diante, incorporei uma nova filosofia de vida, baseada em objetivos concretos. "Tracei metas", como adora dizer a Dani, sendo que muitas foram cumpridas ainda este ano.
Voltando a jogar no time dos comprometidos, a vida ficou mais feliz. Os passarinhos verdes voltaram a cantar na minha janela, ficou mais fácil de acordar de manhã e viajei mais vezes a São Miguel do Oeste do que já havia feito em toda a minha vida. Era a bonança vindo depois de um longo período de tempestades.
Os meses frios do inverno foram aquecidos pelo calor de um novo relacionamento. Sei que a maioria das pessoas que nos conhecem pensaram que seria um namoro retórico, afinal de contas, fomos nós mesmos que plantamos a dúvida nos corações alheios. Mas, como eu não devo nada pra ninguém e como nossa vida não é novela pros outros ficarem acompanhando, mandei as opiniões pro diabo que as carregue e fiz o que achei que era certo. Numa manobra arrojada e, por que não dizer, de um frenesi orgástico, compramos nosso lar, doce lar. A Dani já mora lá desde então, com seus planos férteis feito as terras às margens do Nilo, naquele papo de "a cozinha será assim, o piso será assado, e na sala vai o sofá tal" e talicoisa, aquelas conversas que permeiam o universo feminino em períodos pré-matrimoniais.
Aliás, por falar no sagrado sacramento, aconteceu em julho a união dos supracitados amigos Cláudio e Luci, de quem fomos honrosamente padrinhos. Este casamento foi tão benéfico, que graças a ele beberei cerveja de graça no reveillón que se aproxima. É que apostamos, Cláudio e eu, há muito tempo atrás, quando Luci ainda era apenas uma singela moradora do bairro Primavera, que o primeiro a casar deveria pagar a bagatela de nada menos que três caixas de cerveja ao que permanecesse solteiro. Isso significa dizer que, além do Ano Novo, ainda molharei os bigodes em 2011, uma vez que a primeira parcela está sendo paga agora. Mais do que uma aposta, foi um investimento.
Brincadeiras à parte, posso dizer sem medo de errar que cresci com a união de meus amigos. Além deles, em outubro tivemos o casamento do co-fundador deste blog, o Sagu Leonardo, fato que abalou da Bovespa à Dow Jones, pois muitos consideravam que a possibilidade do Léo casar era mera especulação. Especialistas afirmam que, no momento do "sim" dele, houve uma queda de 5% em Nova Iorque, causando choro e ranger de dentes nos investidores. Sorte da Carol, nossa afilhada, que conseguiu efetivar o que muitos consideravam como o início do Apocalipse.
O apadrinhamento de dois casamentos inseriu-me na esfera pré-nupcial. Nossa lista já está feita, ainda que deva sofrer alguns ajustes, mas corre à boca pequena de que deve ser um dos eventos marcantes na retrospectiva de 2011.
Vale mencionar que antes de outubro houve setembro e, com ele, meus formosos 25 anos de vida foram completados. Vou poupá-los daquela patifaria de "um quarto de século", mas a verdade é que a idade não está pesando, visto que ainda estou dando meus piques nas quadras e nos gramados. Se os troféus no Playstation são raros, pelo menos na vida real foi possível erguer um caneco e ser destaque no torneio da Wallau, evento esportivo mundialmente reconhecido nas cercanias de Novo Hamburgo. Não importa a grandeza que um fato tem para os outros, e sim o quanto ele significa para a sua vida.
Em suma, 2010 foi perfeito. Um ano de aprendizados, de lições valiosas, de afirmações e conquistas. Consegui manter contato com meus melhores amigos durante todos os meses, mesmo os não citados nominalmente em algum acontecimento, como os Sagus Thiago, Guto e suas respectivas noiva e esposa. Meus amigos do time, do coral, do trabalho. Passei mais tempo com alguns, menos com outros, mas pude ter bons momentos com todos, o que me fez um bem danado. Cultivei, inclusive, as amizades à distância com os bons amigos que o blog me trouxe, mesmo que às vezes o tempo seja tão curto para conversarmos.
Mantive o zelo pela família, visitei os avós e a querida São Chico o ano inteiro, cuidei das minhas vaquinhas, do meu cachorro e respirei muito ar puro. Cantei aos borbotões, mantive o peso, comecei a malhar e me emocionei diversas vezes. Chorei de saudade do meu velho avô Gentil, presente em todos os momentos da minha vida, a quem sempre dedico as conquistas em pensamento e de quem sinto saudades eternas. Amei, sorri, descansei e vivi com intensidade. Fui reconhecido profissionalmente e sei que vou colher os frutos neste 2011 que se aproxima.
Fechando o ano com chave de ouro, fiz com que o Natal tivesse um significado ímpar na minha vida, esta data que até então passava despercebida aos meus olhos: Dani e eu oficializamos o nosso noivado, e agora não tem mais volta, a aliança só vai trocar de anelar, mas dos dedos ela não sai mais. Estou a cada dia conhecendo o significado de construir uma família, superando meus limites e conhecendo habilidades que eu nem sabia que tinha. É um prazer inominável ver a vida se reinventar a cada dia.
Não vou fazer nenhuma espécie de balanço final, não é necessário. Depois dessa narrativa, é notório que o saldo foi muito positivo. Para fechar, vou apenas usar uma frase que li agora há pouco, e que talvez tenha sido a mola propulsora para vir aqui e dividir um pedaço da minha história com vocês: "A única obrigação da vida é ser feliz. O resto é consequência."

9 comentários:

  1. Se eu disser que chorei vai parecer que sou muito manteiga derretida?

    Meu Branquelo, esse ano a gnt nao se falou taaaanto como em outros anos. Mas o carinho enoooooorme que sinto por voce me faz comemorar cada conquista sua, cada sorriso seu me traz um sorriso também.
    Eu sei, ou penso saber, o que significa seu sentimento por Dani (sou inxtíma já) e o que esse ano significou pra você.

    Não vejo de ver esse casório acontecendo e eu aí, bem pertinho, participando.
    Fico feliz demais com sua felicidade.

    beijão, branquelinho lindo

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  2. Bruxo, pelo menos vamos tomar essas caixas de cerveja juntos! heheh dei muita risada lendo esse texto.

    Cara, tu sabe o quanto eu torci e o quanto fico feliz com essa tua felicidade. Quero sempre o melhor para o meu irmão e sei que com a Dani tu está bem cuidado e feliz.

    Desejo tudo o que há de melhor na tua vida e que 2011 seja ainda melhor que esse ano que passou.

    Abraço!

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  3. Uaau, que ano!!! Parabéns pelas conquistas, seguramente, foram muito merecidas!
    Desejo muitas felicidades prá ti e que 2011 seja ainda melhor!
    Beijos

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  4. Mano velho, parabéns pelo texto e pela retomada da tua vida. Sem exageros, parece que agora tu tá efetivamente com as duas mãos no volante. E tu merece.
    Feliz Natal atrasado!
    Nos falamos ainda esta semana.
    Baita abraço!

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  5. É sempre bom ler o Antônio, eu viajo e entro de cabeça nos textos dele e parece que viver cada coisa bem próxima dele.
    Fiquei extremamente feliz com o penúltimo parágrafo e fiquei de cá a saltitar. "Quando a gente ama, simplesmente ama..."
    E eu me encaixei nos amigos que o blog te trouxe, viu?
    Fico de cá na espera do relato do casório. Ufa! Vou suspirar de certeza.
    Beijão no coração!

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  6. Como tu mesmo diria: Mas Que Momento!
    Encerrar o ano com este noivado é realmente o acontecimento de 2010. Fico muito feliz com isso primo velho, feliz mesmo.

    Passei mais aqui pra te deixar um abraço mesmo, desejar um feliz natal atrasado e esperar que o 2011 seja ainda mais feliz. O que será que te espera no novo ano? Tenho uma suspeita! Hehehehe

    Grande abraço a ti e a Dani.

    Do velho amigo.

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  7. Antônio, me emocionei muito com o teu texto.
    Estou muito feliz com tuas conquistas e principalmente com o teu noivado com a Dani.
    Mais sucesso e realizações pra ti neste 2011!
    Saudades de quando nos víamos com mais frequencias e as risadas eram infinitas.
    Um grande beijo pra ti e para Dani.

    Ahh, sempre me lembro da tua frase: QUE MOMENTO ;)

    Camilinha.

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  8. Que bacana meu caro, relembrar e reviver um ano. Perdas e ganhos. Sempre valorizando o aprendizado!
    Agora, ano novo e problemas velhos! E as cervas? Ja foram pagas conforme o trato?
    gde abraço e um bom ano!

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  9. Acompanho o blog há muito tempo, então não poderia deixar de comentar esse momento. Que momento, não? hihihi
    É um dos poucos blogs falando de fim de ano que vi a frase estampada com tanta alegria: 2010 foi um ano bom pra mim. Acho que foi isso que despertou o interesse de saber o porquê, por ser um dos poucos que não via a hora de 2010 acabar (se eu estivesse com o blog ativo, certamente meu post faria parte dessa categoria).
    Que bom que você e a Dani vão casar. Lembro-me de você contando a saga para "consegui-la de volta" e que bom que o amor falou mais alto. Depois de ler seu post, realmente, dá para entender porque 2010 foi tão especial pra você.
    Bjitos!

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