Mentiras boas

Enquanto desgrenhava umas caraminholas aqui no cerebelo pensando no que escrever, dei uma espiada nos arquivos do blog, mais especificamente nos meses de abril dos anos anteriores. Sempre faço assim, voltimeia fico fuçando textos antigos dos meses correspondentes, ou mesmo dos dias, para ver o que escrevi neste mesmo dia há anos atrás.
Neste entremente, descobri que abril é um mês desgraçado aqui no Que Momento!. Sim, palavra forte essa, mas não vejo outra mais adequada. Senão, vejamos: ano passado não postei nada em abril, nem uma triste vírgula. Em 2011, uma postagem apenas, e nem texto era. Postei uma foto minha de cabelo loiro, valha-me Deus! Só em abril de 2010, há três anos, é que escrevi um pouco mais. Dois mil e nove também passou em branco e, finalmente, em 2008 escrevi alguma coisinha que preste. A propósito, o texto de primeiro de abril daquele ano ficou do meu agrado, deem uma olhada quando puderem.
Pois bem, mas o fato é que o mês quatro do calendário bate a macaca na minha inspiração. Agora mesmo, neste dia tão frutífero em termos de piadinhas e brincadeiras com o Dia da Mentira, fiquei aqui queimando a mufa e pensando no que poderia contar humildemente aos meus amiguinhos que clicam neste link que um dia dominará o mundo e o Domingão do Faustão. Tudo em vão. Horas e horas assistindo a vídeos na internet, lendo blogs e estudando Anatomia, tudo ao mesmo tempo, é óbvio que não podia dar em boa coisa.
Ainda assim, não perdi a esperança e fiquei aqui ouvindo músicas do Teixeirinha. Não que isso tenha me inspirado, falei só pra ilustrar a trilha sonora. Até lembrei de uma história cabulosa envolvendo uma mentira na minha vida, mas julguei que seria exposição demasiada da minha figura. Quem sabe um dia eu crie coragem ou, melhor que isso, crie um meio de contar um causo verdadeiro como ficção, habilidade esta que ainda não possuo.
Após enrolá-los por quatro parágrafos sem nada dizer, vou contar uma historinha do fim de semana para fazer jus à publicação. É sobre um sonho que tive sábado à noite e que me arrepiou os cabelinhos das axilas, tamanho o susto que causou.
Bueno, estava eu dormindo lépido e faceiro, num sono de fazer anjinho da guarda morrer de inveja, quando criou-se em meu subconsciente um enredo mórbido. Há alguns dias uma amiga minha encomendou um livro, antes mesmo do lançamento, pedindo que eu fizesse contato quando tivesse os exemplares em mãos uma vez que ela não poderia comparecer ao megaevento que trouxe ao mundo e a Novo Hamburgo inteira as minhas crônicas.
Pois, no sonho, a guria morreu. Sonhos são assim mesmo, essas criações doidas que a cabeça da gente inventa e, por mais que eu quisesse saber o motivo daquela tragédia, toda a informação girava em torno do passamento da pobre. Nessas horas o sonhador tenta manipular sua mente, porém esbarra na incapacidade de conseguir escrever o desfecho final daquilo que passa em seu próprio cérebro, é um horror! Quem nunca passou por isso antes?
Entrei em estado de choque, não sei se no sonho ou de verdade. O fato é que tentei debater-me de pavor, mas ao mesmo tempo tinha o dever cívico e moral de prestar meus sentimentos, sei lá, tentar saber mais detalhes. Caramba, eu estava perdendo uma leitora! Já não basta ser um autor iniciante, um batalhador da literatura quemomentista, um árduo guerreiro que granja seguidores na esfera blogueira e Deus ainda me dá essa chibatada no lombo levando para junto de si uma de minhas mais fieis fãs? Vida cruel, pô!
Como agora a tecnologia já chegou até nos sonhos, apelei pro Facebook. Mensagens de luto na página da irmã dela davam conta do ocorrido. Alguém também conectou na própria conta da guria, devia ser da família, pois a mensagem póstuma transmitia carinho e, ao mesmo tempo, comunicava que a dita cuja já não mais estava entre nós. E o viúvo, meu Deus, o viúvo! Um rapaz tão novo, só conheço por Facebook mas tá valendo, como pode a vida maltratar tanto alguém, eu me perguntava.
Acordei atônito lá em São Chico. Na fazenda, no meio do nada, sem internet, a guria morta. Ou estaria viva? Nessas alturas, como provar que em briga de saci não tem rasteira? Restou-me passar a Páscoa crendo na ressurreição e alimentar a esperança de, ao chegar em casa, pesquisar na rede social a veracidade dos fatos.
Felizmente, como é lógico de se concluir, minha amiga está vivinha da Silva. Esta frase, por sinal, é a pedido, uma vez que obtive a liberação para escrever sobre sua morte fictícia contanto que esclarecesse que seus batimentos cardíacos estão a pleno vapor e suas faculdades mentais mais borbulhantes do que nunca. Minha leitora está viva e, neste primeiro de abril, que mentira boa de se contar! A propósito, ela vai comprar um livro. No teu lugar, eu faria o mesmo. Vai que durmo essa noite e sonho contigo...

3 comentários:

  1. Que medo desse final Antônio! Ainda bem que já encomendei o meu, e espero que ele chegue antes de você sonhar comigo.
    Você sabe né, sou nova pra partir pro outro lado, e não posso deixar um marido viúvo também. hahahaha

    Demaaaaaaaaais esse texto.
    Abraço procê.

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  2. huasashuashuashuashu

    Eu estou protegido! Já comprei o meu! Ainda não terminei, confesso, mas estou degustando cada uma ;)

    Esse final me lembrou da Irmã Selma, lembra? hehehe

    Abração!

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  3. Bom, já te falei que vou encomendar seu livro quando puder mas não tenho medo de você sonhar comigo quando isso acontecer! rsrs
    Sou louca, assusta não! Estou doida pra ler seu livro, mas tem um que preciso ler muito no momento e custa muito caro que é "perdas necessárias".
    Amei o texto"

    Beijos

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