Domina esse tijolo!

Nada na vida acontece por acaso, acreditem. Estava aqui, com as tripas em reboldosa de descontentamento pela aparente fuga interminável de minha inspiração para iniciar 2014 com algo que preste neste blog, ao que segui com minha jornada insossa de perder minutos preciosos de minha vida nas redes sociais. Lá pelas tantas, sou abordado por um gurizote em conversa privada. Digo infante mesmo, pois é um dos alunos de uma das escolas onde palestrei ano passado sobre o livro.
Aparentemente, nada de anormal, apenas mais um trivial colóquio entre duas realidades distintas. No entanto, os anjos blogueiros resolveram dizer amém naquele instante e fui abalroado por uma daquelas situações em que a vida lhe diz "chupa essa manga, meu querido". Tratarei o pequeno indivíduo por Guri por questões óbvias. Segue abaixo o breve diálogo ipsis litteris:

Guri: "e ai antonio"
Antônio: "Fala, Guri! Tudo certo?"
Guri: "sim vendeu muitos livros"

(é sempre bom ter que ADIVINHAR a pontuação, mas dou o desconto pela juventude corrompida pelas facilidades cibernéticas. Pior é ver gente de quase trinta ou mais fazendo isso)

Antônio: "Alguns, hehe. Fiquei satisfeito!"

(mentira, obviamente. Queria ter vendido dez mil exemplares, mas a vida não tá fácil pra ninguém e não é com um pré-adolescente que chorarei minhas pitangas)

Guri: "vai vim na nosso escola denovo"

(ler "denovo" é algo que dói "concerteza", se é que me entendem)

Antônio: "Cara, não sei... vamos ver se serei convidado outra vez. Se for, com certeza irei de novo."

(fiz questão de escrever "de novo" corretamente, ou seja, não posso ser acusado de cumplicidade ante o assassinato da última flor do Lácio)

Guri: "qual outro tipo de livro tu tem ai"

(aqui senti-me um vendedor de tabacaria atendendo no balcão, tanto que fui obrigado a fazer uma pergunta que certificasse as reais intenções da indagação do Guri)

Antônio: "Escrito por mim?"
Guri: "sim"

(teria sido legal se ele tivesse respondido: "Não, pelo meu cachorro, Pedro Bó!")

Antônio: "Só escrevi aquele que vocês leram. Ainda não tenho outro."

(de repente, eis que recebo uma MACHADADA no córtex frontal)

Guri: "ha eu nao to pronto pra estudar na verdade eu so vou pra escola pra namorar"

(Para. Para tudo. É mesmo verdade, eu li isso? Tentando vencer o quase rigor mortis que acometeu meus músculos, parei alguns segundos para reorganizar as faculdades mentais e optei pelo caminho da diplomacia)

Antônio: "Não que não possa namorar, mas é importante aproveitar a escola para adquirir mais conhecimento."
Guri: "tchau boa noite"
Antônio: "Boa noite!"

É, não deu. Ainda petrificado pela situação inusitada, imediatamente comemorei o fato de poder dividir algo novo com vocês. Brabo é saber que, se for menina, um dia minha filha terá que ir à escola. Vem chumbo grosso por aí.


4 comentários:

  1. Ai meu Deus!
    Pobre Guri!
    Não sabe que as namoradas vem e vão e o português e matemática são pra sempre na vida da gente! hahahah
    Ao menos, rendeu um texto divertido pra gente!
    Queira Deus que se for menina, sua filha namore pelo menos algum que goste de estudar! hahahahaha

    Beijo Ton!

    Ansiosa pra saber o sexo do baby!

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  2. Descreveu exatamente o que passa pela nossa mente quando fala com esse pessoal que parece que se esforça pra escrever errado. Mas ficam alguns mistérios: coerência nas ideias do Guri, cadê? Será que o Guri errou a janela da conversa? Será que ele estava muito nervoso ao falar com seu ídolo?

    [não percam nos próximos capítulos, etc etc]

    Abração!

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  3. KKKKKKKKKKK ri muito, do inicio ao fim, Ton!!!
    Tadinho de você! Fiquei imaginando sua cara ao ler essas coisas!
    E concordo com Ana, se for menina, que sua filha namore com quem goste de estudar.
    Prepara o coração! rsrsrrsrrs
    Abraço!!

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  4. kkkkkkkkkkkk... Chupa essa manga agora, Ton.
    Complicado, viu? Esquartejaram a gramática, a educação, e tudo o mais. Oh God!
    Pense pelo lado positivo, pois ao menos sinceridade é algo que transborda a criatura. Hahahahaha.

    Beijo, Ton.

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