A taça do mundo é nossa!

Estou participando de um bolão da Copa do Mundo onde tive de apostar nas quatro primeiras posições e também no artilheiro como critério de desempate. Cravei o Brasil em primeiro lugar sem a mínima dúvida. Passadas duas apresentações dos brasileiros contra Croácia e México, talvez alguns manifestem certo ceticismo em relação às reais condições de papar o hexa. Eu, no entanto, sigo impávido em minha convicção. Confio cegamente no Felipão e tenho motivos de sobra para tal.
Voltemos à Copa de 2002, a primeira sediada por dois países na história, Japão e Coréia do Sul. As doze horas de diferença de fuso obrigavam os brasileiros a adotarem o café preto e a insônia como parceiros inseparáveis na doce jornada de assistir aos jogos praticada pelos admiradores do esporte bretão. Aluno do terceiro ano do Ensino Médio naquela ocasião, cansei de matar aulas para ficar em casa vendo jogos de manhã, ou mesmo por ter passado a noite em claro acompanhando os confrontos.
Na madrugada de 2 de junho de 2002, em Ibaraki, no Japão, Argentina e Nigéria entravam em campo para estrearem no grupo F da Copa. Havíamos feito uma janta na casa dos pais da Dani entre alguns amigos e, como de costume, o convescote estendeu-se noite a dentro. Enquanto a gurizada desabou pelos sofás vencida pelo sono, minha rotina de coruja manteve meus olhos esbugalhados e, na falta de algo melhor para fazer, passei a assistir à Copa dali mesmo enquanto os parceiros ressonavam. Em meu colo repousava a cabeça de uma certa Danieli Moschen.
A partida, apesar de movimentada, apresentou um modorrento zero a zero no primeiro tempo. Entre um lance e outro, passei a admirar o rosto da bela guria que em minha coxa repousava. Lá pelas tantas, ela despertou. E passou a fitar o grão de meus olhos como se hipnotizada estivesse. Meio desconcertado, fiquei naquele dilema de saber interpretar corretamente aquele olhar etéreo. Estaria a Dani me dando bola, ou apenas abrindo os olhos numa atitude sonâmbula e involuntária?
Mas o olhar não desviava um segundo sequer. Eu olhava para a televisão e sempre que retornava encontrava aquele par de bolitas me fuzilando. Resolvi então apostar na sorte e lascar uma beijoca naqueles beiços. Deixei argentinos e nigerianos de lado e passei a encurvar minhas costas lentamente, até para ter a certeza de que não estava enganado e dar tempo a ela de recuar sem que o clima ficasse chato. Nada de recuos. A coisa estava ficando buenacha pro meu lado e senti que ia me dar bem.
Quando minha coluna já formava um ângulo de 45 graus e a distância entre nossos lábios não superava três centímetros comecei a sentir uma certa dificuldade anatômica de concretizar o beijo. O meu corpo simplesmente não se curvava mais! Uma gota de suor gelado brotou em minha têmpora, a Dani já esperando o bote com as pálpebras semicerradas e eu naquela árdua tarefa feito uma girafa tentando beber água num pires. Respirei fundo, busquei uma forcinha extra na musculatura costal e bingo! Tasquei finalmente o beijo!
Na madrugada de 2 de junho de 2002, pela primeira vez na história de nossas vidas, em meio a uma Copa do Mundo, demos início ao nosso amor com um romântico beijo na penumbra da sala iluminada apenas pela luz da televisão. Devo dizer que fiquei com uma lombalgia absurda já que tive que me contorcer o tempo todo para concretizar cada beijinho, mas valeu a pena.
Passados doze anos e três Copas, estamos aqui novamente em meio a este evento esportivo que divide opiniões e movimenta o Facebook, dessa vez aguardando a chegada da nossa pequena Lara, que provavelmente acontecerá em meio aos jogos. Portanto, vença o Brasil ou não, aqui em casa já podemos dizer que receberemos de qualquer jeito o maior de todos os troféus, pois não há pai ou mãe que não se sinta campeão com a chegada de um pimpolho. E digo mais: se depender da mística, o velho Felipão tem tudo para trazer mais essa taça pro armário...


2 comentários:

  1. Que data linda para se tascar um primeiro beijo! Ahahha Adoro o dia do meu aniversário :P
    Que a Lara chegue junto com a taça. Ton! Lindo lindo lindo texto.

    Beijo grande nocês tudo ;*

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  2. Que lindeza de história, de amor, de copa!

    Beijo grande, Ton, e vem com tudo Lara!
    :*

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