UM TEXTO MELHOR ENCORPADO

Finalmente achei um tempo para escrever. De início, as idéias ainda brotam aos poucos, de modo que não tenho um assunto propriamente interessante para discorrer. De qualquer forma, vou contar um pouco sobre a nova vida que tenho aqui.
Viver no meio do mato é menos assustador do que parece, acreditem. Meu dia começa às 6 e meia da manhã, e termina às 7 e meia da noite, mais ou menos.
Durante esse tempo, a intensa lida no campo me mantém ocupado, o que já derrota aquele sentimento depressivo de quando eu estava na cidade grande sem fazer nada. Desde que cheguei aqui, só vejo bovinos ingerindo ração. É nessas horas que vejo o que nos distingue dos animais. A avidez com que as vacas tentam lograr umas às outras, é impressionante.
Morar com um casal de idosos tem me rendido boas risadas, pelo menos por enquanto. Meu avô pode ser comparado à uma porta no quesito teimosia, e minha avó ainda acha que eu tenho 10 anos de idade.
Andar a cavalo e ler (desde revistas velhas até bulas de remédio) são minhas terapias. Passo o dia assobiando, cantarolando algumas músicas, mas gosto mesmo é de escutar os cantos dos pássaros.
Como como um hipopótamo, trabalho como um burro de carga, durmo feito um bicho-preguiça, tenho disposição de bagual e vivo faceiro feito terneiro novo. Enfim, viver entre os animais gera certas comparações pouco ortodoxas.
Penso muito. Acho que meu cérebro está trabalhando 344 vezes mais do que em Novo Hamburgo. Lembro de fatos que aconteceram há muito tempo, inclusive ficando brabo com burradas que cometi há mais de década. Mais hilário ainda, é saber que agora já foi, e os pensamentos são apenas diversão.
Juntar esterco de vacas é preciso, afinal, é adubo. Deus do céu, como defecam os bovinos! Acho que elas recebem mensalão por quilo de bosta expelida. O cheiro até não é dos piores, a gente acostuma. Talvez a consistência é que não seja algo muito agradável de se sentir no sapato. Mas eu relevo.
Tudo isso, resulta no grande sonho da minha vida. Visitas, só recebi da minha namorada até agora. A bem da verdade, é o que basta. Cada um tem de saber as suas prioridades no campo da amizade. Como eu sou um só e o cartão do meu telefone também gasta, eu apenas respondo quem me procura. Confesso que não me aborreço com quem seguiu sua vida sem mim, pois eu fiz o mesmo, e não me arrependo. Mas também reforço que meus amigos continuam sendo bem-vindos na minha casa, ainda que ela esteja a 100 km de distância.
Gente, estou feliz, e cada dia mais dou valor a essa sensação. Raiva, só dos quero-queros, que, quando começam a gritar, não param por horas. Realizar um sonho é uma sensação que eu vou demorar para conseguir escrever no blog. Mas um dia eu consigo.

Um abraço!

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