O SAUDOSISTA (2)

Reportei-me hoje ao ano de 1996, primeiro dia de aula no Santa. Começava naquele momento, até o fim de 1999, uma das épocas mais douradas da minha curta existência.
O término do primeiro grau foi concomitante à parte das férias citadas no último texto. Também não posso me queixar do que vivia durante o ano letivo. Tive ótimos colegas, turmas divertidíssimas, episódios hilários e inesquecíveis. Mas, fazem parte do meu passado. Admiro quem consegue estender esse tipo de amizade escolar para o lado de fora do colégio, pois eu nunca consegui. As únicas três amizades provenientes de ex-colegas que tenho foram construídas fora da sala de aula.
Nessa época, de 96 a 99, uma das coisas que eu mais lembro com saudosismo são as reuniões dançantes. Ah, que momento! Era muito mais do que uma festinha, era um acontecimento. Toda aquela mística de tirar as gurias pra dançar, ver as colegas rebolando ao som de É o Tchan e fechar as rodinhas gritando ao som do Skank (Mariana vagabunda!!!).
Isso sem falar nas picuinhas que surgiam durante a festa, alguém ia chorar num canto, a festa parava, surgiam burburinhos entre as conversas para desvendar o real motivo daquelas lastimáveis lágrimas.
Fulano gostava de ciclana o ano inteiro, o que o fazia sonhar com uma reunião dançante, para poder tirá-la para dançar uma música lenta. "Toca uma lenta, toca uma lenta", pedia um apaixonado afoito ao colega que sempre ficava de DJ. Lembro-me de "2 become 1", das Spice Girls. Nossa, não era apenas uma música, mas a oportunidade vívida, a melodia perfeita para uma aproximação. Na maioria das vezes, nunca acontecia nada, mas era divertido.
Na primeira festinha que fui, minha mãe me buscou às 22:30h. Fiquei indignado, lembro-me como se fosse hoje. Ultrapassar a meia-noite no aniversário de alguém era o ápice. "Fui embora quase a uma da manhã", gabava-se alguém. Queixos despencavam, invejas surgiam, juntamente com o sentimento de "na próxima vez eu também vou ficar, se minha mãe deixar, é claro".
Como as coisas eram fáceis. Gostar de uma guria um ano inteiro era fácil. Um simples olhar dela era um bálsamo, quiçá uma troca de informações sobre o tema de matemática. Não era necessário saber o telefone, tampouco vê-la fora da escola. Aquela convivência diária era suficiente para alimentar um amor platônico, que posteriormente resultou nos meus primeiros beijos na boca.
Ser amigo também era bem mais simples. Não havia cobranças, ciúmes, saudades. Até porque, era sabido que de segunda a sexta ali estaríamos, comemorando gols nas aulas de Educação Física, copiando o tema de Geografia cinco minutos antes de aula começar, ou resolvendo diferenças na disciplina.
Noventa por cento dessa galera eu nunca mais vi. Gente que me viu crescer, que conviveu comigo numa fase difícil de esquecer. Um tempo que me arrepia só de lembrar...

Bom, hora de acordar.

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