REERGUENDO-SE

Nada como uma boa noite de sono para recarregar as energias. Se tivesse postado ontem tudo o que estava engasgado, certamente teria firmado um recesso de textos até o fim de maio e me fecharia em copas até ruminar as amarguras.
Sei que ontem fui dois em um só. O primeiro Antônio acordou disposto, cantando às 6 da manhã, chegou com estilo, fazendo piadas e animando a todos logo cedo. Riu na missa, mas também prestou atenção na homilia do padre. Pena que não colocou em prática o que ouviu, pois permitiu que o segundo Antônio se manifestasse.
Após o almoço, os pensamentos nefastos começaram a povoar minha mente. Nada é mais angustiante do que tentar encontrar uma resposta sozinho. Pra piorar, via as pessoas sorrindo para mim e não conseguia retribuir àqueles gestos de carinho. Caminhei sozinho pelas ruas de Gramado, tentando arejar a cabeça e, mesmo sem resposta, procurando voltar com uma cara melhor. Não foi possível, continuei frio, mesmo sem tomar sorvete.
Somente perto da hora de retornar é que consegui obter algumas respostas, o que acachapou minha viagem de volta e colocou de vez a expressão glútea no meu semblante. Este foi o meu dia em quatro parágrafos.

Mas, daí vem a parte boa, que é o balanço do dia. Mesmo em meio àquela tempestade mental, pude contemplar a preocupação de algumas pessoas, sua insistência em saber o que estava acontecendo e a vontade de ajudar. Naquela hora eu estava derrotado demais para reagir, e só agora pude refletir a respeito.
É bom ver que pessoas que estão chegando agora na minha vida, ou melhor, gente em cujas vidas eu estou chegando agora, já consideram a minha presença e amizade com algum grau de importância. A estes, peço minhas sinceras desculpas pelo derrotismo de ontem, mas, alegrem-se, hoje é outro dia.
Estou aliviado porque já consegui desabafar um pouco do que penso, e tenho certeza de que algum efeito vai surtir. A única coisa que não podemos fazer é nos fechar para a felicidade que bate à porta, ou as coisas se complicam bastante.
Quando temos algumas decepções, nosso mecanismo de auto-defesa é acionado automaticamente, e temos a tendência a evitar o que de novo se apresenta, temendo novas experiências mal-sucedidas. É aí que entra o otimismo, a nova chance, a auto-confiança. Enquanto estes sentimentos estiverem dentro do meu coração e enquanto eu tiver pessoas ao meu lado que se preocupam comigo, não vou desistir de continuar na jornada.
Não me preocupo com que caminho seguir, isso o tempo se encarregará de mostrar. Tendo pessoas especiais ao meu lado, confio que tudo vai acabar da maneira mais correta. Ainda existe muita felicidade aqui dentro a ser descoberta e partilhada. Maio ganhou a primeira batalha, mas não a guerra.

Um grande abraço aos companheiros de passeio de ontem, minhas sinceras desculpas pelos transtornos e obrigado pela paciência.

Já disse Carlos Drummond de Andrade: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

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