PLAGIANDO ASSUNTOS

Muito bem, se tem algo que eu estou aprendendo a fazer, é reconhecer as falhas e maus momentos. Após a pindaíba inspiradora e um fundamentado puxão de orelha do sempre brilhante amigo blogueiro Jader (que usou até cangas para me mostrar o quanto fui desconexo ontem), tomei vergonha na cara e resolvi escrever algo que preste. Ia postar a música da semana, mas preciso me redimir.
E, já que outro dia ele leu aqui e inspirou-se, hoje sou eu quem absorve assunto de lá, para trazer para cá.

Seguindo a linha da voz da caveira, fiquei matutando sobre a tal da paz profunda (quer entender? leia aqui). Um sentimento simples e ao mesmo tempo tão distante, haja vista a correria em meio a qual estamos inseridos.
Pare à beira da calçada de qualquer avenida movimentada de uma cidade grande. Quando o semáforo abrir, inspire profundamente, enchendo os pulmões de ar (?). Tussa por dois minutos seguidos, devido à grande quantidade de monóxido de carbono entranhada nas suas narinas. Difícil encontrar a paz profunda desse jeito, né?
Até mesmo em casa, trancado no quarto, tocando um violão, ou ouvindo uma musiquinha bem calma. Cedo ou tarde, o telefone toca, sua mãe chama pra jantar, dá um erro no Windows e faz "PAM!". Ou seja, lá se foi a sua paz profunda.
Lembro-me bem do ano de 2002 (não, esse não é o Saudosista - parte 5), quando meu amigo e co-fundador deste blog, Leonardo Poisl, foi comigo para a fazenda do meu avô pela primeira vez para passar um feriado. Quando saímos a cavalo pelos campos, ele não coube em si de encantamento com toda aquela paisagem. Foram tantos elogios ao silêncio, à comida da minha avó e a todo o resto, que só então caiu a ficha: eu estava no paraíso e não sabia.
Sempre gostei muito da fazenda, passei todas as férias escolares lá, mas, com o tempo, tudo tornou-se tão, como direi, "normal", que muitos detalhes passavam despercebidos. Por exemplo, o silêncio. Era algo tão inserido na minha realidade rural, que eu nunca parava efetivamente para aproveitá-lo.
É aí que entra o caetanismo da coisa. Temos tudo tão de mão beijada, ou pelo menos nos parece tão rotineiro, que não damos o devido valor a lugares, habilidades, familiares, coisas que, a quem não tem, soam como um tesouro. E são mesmo.
A partir daquele dia, muitas coisas mudaram nesses últimos cinco anos. Cada vez que eu ando a cavalo, eu paro pelo menos um instante para curtir a paisagem e lembrar do quanto o silêncio da natureza é perfeito. Sempre que percebo uma qualidade em alguém, procuro ressaltá-la, para que a pessoa se dê conta do quanto algo simples pode parecer importante ao outro.
Até mesmo um sorriso pode melhorar o dia de alguém. Uma companhia para olhar as estrelas, ou jogar conversa fora. Certa vez, eu e meus amigos nos ligávamos, e um perguntava ao outro: "tá fazendo o quê?". "Nada". "Então vem pra cá, e vamos fazer nada juntos". Essa é uma essência que eu busco sempre, por mais que o tempo e os compromissos teimem em tentar apagar.
Podem dizer que novela é besteira, o que na maioria dos casos é mesmo, mas ontem eu vi um cara dizer uma coisa que me marcou: "eu acredito no amor ao próximo". Em tempos de tanta ausência de paz no coração das pessoas, deve-se pelo menos fazer referência que um autor escreva isso para uma personagem (mesmo que na cena seguinte tenha aparecido uma mulher pelada). Esse e todos os outros exemplos que citei deixam bem claro um aspecto: é bem mais fácil alcançar os bons sentimentos quando se tem uma boa companhia. Os outros nos mostram faces da moeda bem diferentes das que a nossa caveira percebe. Até mesmo um texto desconexo.

Daí eu pergunto: já encontrou a sua paz profunda?

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