ATCHIM!

Manuel Bandeira escreveu Pneumotórax. Certa vez, lendo meu livro de Literatura do Ensino Médio, descobri que ele colocava essa morbidez em suas poesias porque foi tuberculoso quase que a vida toda. Peguei o modelo dele emprestado para partilhar aquela que me acompanha desde ontem. Espero que ela me abandone o quanto antes também.


Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

***

Que dor no tórax

Febre, coriza, cefaléia e espirros inoportunos.
A gripe que eu podia ter evitado, mas me pegou.
Cof, cof, cof.

Mamãe me deu remédio:
- Toma esse e mais outros três.
- Benegrip... Benegrip... Benegrip...
- E um chá.

- Tens que evitar o frio e tomar bastante líquido, mas nada muito gelado.
- E não tem nenhum xarope expectorante em casa?
- Baixa essa música, que eu não escuto nada, menino.

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