MAIS DO MESMO

Quando uma pessoa tem um sentimento muito forte dentro de si, a tendência é colocá-lo para fora, talvez uma necessidade de partilhá-lo com os demais. Se é uma tristeza, o faz para dividi-la, amortizá-la. Mas, em se tratando de uma alegria, a atitude de externá-la tem o intuito de espalhar ao mundo todo e, com isso, melhorar o dia do maior número de pessoas possível.
Sim, é repetitivo, pode ser até que encha o saco ler um cara falando o tempo todo que um retiro fez bem, que muitas coisas foram refletidas e esclarecidas, mas, meus amigos, é o que temos para o momento.
É que eu fico abismado com a maneira com que as coisas acontecem. Está tudo ali, à nossa frente, escancarado e, sabe-se lá por qual raio de motivo, insistimos em não enxergar, permanecemos numa escuridão criada por nós mesmos, como quem não quer aceitar que as respostas são assim tão fáceis. Freud deve explicar.
Bom, hoje eu gostaria de abordar brevemente o lado cerebral da história. Quando eu tinha uns 17, 18 anos, encontrei um livro da minha avó, do Pe. Lauro Trevisan, sobre a força do pensamento, agora não me recordo o título. De férias na fazenda e ávido por leitura, passei a destrinchar as páginas, e acabei gostando do livro.
Uns papos bem filosóficos e convincentes sobre a força que o pensamento positivo exerce na vida das pessoas. Era a coisa mais linda do mundo ler aquele livro deitado embaixo das árvores, sem nada em volta para atrapalhar e um silêncio milagroso. Lembro que fiz várias anotações de frases marcantes e acabei bitolando completamente naquilo.
Foi um verão muito forte, não chovia de jeito nenhum, e resolvi testar a tal da força do pensamento. Simplesmente passei um dia inteiro mentalizando chuva, querendo que chovesse, mas assim, crendo de verdade, praticamente uma paranóia pluviométrica. E, macacos me mordam, não é que à noite a tal da chuva veio mesmo? Daí me caíram os butiás do bolso, né, fiquei pasmo.
Quando cheguei em Novo Hamburgo, eu estava maravilhado com aquilo, exalando positivismo, como se tivesse descoberto a pólvora. Deve ter, inclusive, algum texto que fale a respeito disso lá nos primórdios dos arquivos, mas não vou procurar.
Com o tempo, e com as pessoas me chamando de doido, acabei ofuscando todo aquele fervor, mas minha vida nunca mais foi a mesma. Intrinsecamente, eu sempre pensava em coisas boas quando tinha algum problema. Claro que nem sempre saía tudo às mil maravilhas, mas me fazia bem, passei a não desistir tão fácil dos meus objetivos e não desanimar diante dos maiores percalços.
Em um dos momentos de reflexão do retiro, eu recordei tudo isso que contei agora e percebi que, mesmo mantendo a mesma linha de pensamento até hoje, eu vinha praticando muito pouco. Ficava aquele "faça o que eu digo, mas não o que eu faço" e, ora, ninguém é bobo, as pessoas botam mesmo o dedo no nariz do cara e questionam, como posso querer passar uma mensagem de ânimo, se ando mais por baixo que barriga de cobra? E é verdade, é por aí mesmo.
Incrivelmente, em três dias, muita gente notou a mudança. Pensei que fosse só um detalhe, mas a dimensão foi um pouco maior. Às vezes não percebemos o quanto nosso tom de voz e jeito de expressar os sentimentos influenciam na interpretação de quem escuta, ou lê.
Pra encerrar, se coubesse aqui um conselho (que, se fosse bom, não se dava, vendia), seria o seguinte: acreditem na importância das suas palavras e gestos, mas, mais do que isso, acreditem na importância dos exemplos que suas atitudes creditam. Diz uma frase que "as pessoas esquecerão de tudo o que você disse, ou fez, mas jamais esquecerão do que você as fez sentir". Palavras comovem, exemplos arrastam.

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