MODO BLOCO DE GELO: OFF

Por mais que eu pense que isso me trará problemas, é uma atitude necessária. Não poderia permanecer fechado depois de tudo o que pensei, li, ouvi e refleti. Sendo assim, declaro desligado o modo bloco de gelo.
Ligado no dia das mães, 13 de maio, foram quase três meses mantendo uma postura bastante defensiva, dando praticamente nenhuma ênfase a certos sentimentos e praticando quase nada a entrega pessoal.
Quem não acompanha o blog desde aquela época, pode estranhar, dizer que não parece que eu estava no modo bloco de gelo, o que não deixa de ser uma verdade. Estar com ele ligado não significou não viver nenhuma atitude de carinho. Entretanto, quem me conhece a mais tempo sabe que eu deixei de me permitir viver muitas sensações às quais eu mergulhava de cabeça e, conseqüentemente, quebrava a cara.
Posso afirmar que serviu bastante para amadurecer. Voltar a ser como antes seria tolice, pois não haveria melhora. Contudo, percebi que muitas pessoas precisam da minha entrega, da minha doação, e que, se administrada em doses corretas, pode trazer muita felicidade para a vida das pessoas.
Basicamente, foi isso o que mais martelou meu telencéfalo desenvolvido nesse retiro, já que o tema era "você é chamado a cuidar da vida". Refleti muito em cima desse aspecto, o cuidar da felicidade do outro, o alter-cuidado, que, em conjunto com o auto-cuidado, forma o equilíbrio ideal para as relações pessoais.
Toda relação de amor precisa de um "eu quero", seguido de um "eu preciso", ou seja, se estabelece uma troca de sentimentos, onde precisa haver a valorização de ambos os lados. Cuidar de si é valorizar o que se tem de bom, acreditar no próprio potencial, amar a si mesmo e aceitar-se como pessoa que tem qualidades e defeitos. Pessoalmente, sou um cara que mantém a auto-estima sempre elevada, falhando quase sempre quando chega no ponto de aceitação do outro; daí fica aquela dúvida em ser aceito, em entregar-se, etc, surgindo o modo bloco de gelo como fuga.
Já o cuidar do outro mostra-se como a forma mais eficaz de refletir em alguém o que somos. Mesmo sem perceber, sempre há uma pessoa que nos ouve, que absorve a mensagem de tudo o que dizemos e, dependendo do foco, vai melhorar, ou piorar a vida do outro. Portanto, se agimos de maneira positiva, mostrando confiança no cultivo dos bons sentimentos, é natural que tudo à nossa volta torne-se mais feliz.
Como podemos perceber, são duas maneiras de cuidar intimamente ligadas entre si, o que significa dizer que não se pode atingir a felicidade completa sem uma das duas. Concluindo isso, seria um retrocesso continuar me privando de viver com intensidade as alegrias e frustrações que os amores e amizades nos proporcionam. Numa das cartas que recebi, uma amiga minha disse que é exatamente essa minha forte e fácil entrega que atrai as pessoas para perto de mim.
Outra amiga, conversando comigo, disse-me que não podemos jamais perder o momento de falar ou manifestar qualquer gesto de carinho, pois ele pode não mais repetir-se. É fácil perceber que foram muitos os fatores que retumbaram no meu cérebro e fizeram eu rever a minha postura. O negócio é querer fazer dar certo. Num dos depoimentos que escutei, a pessoa dizia que a gente faz tudo querendo melhorar. Às vezes erramos, é verdade, mas sempre com o pensamento focado no acerto. Recorrendo a um velho jargão pra encerrar, fica aquela história de que mais vale a lágrima da derrota, do que a vergonha de não ter lutado...

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