UM DIA

Um dia sem escrever, e a crise de abstinência já me causou tremedeira, vertigens, lábios ressecados e uma semi-síncope literária. Tá certo que não escrevo aos sábados e domingos, mas com isso o organismo já acostumou. Dias de semana, porém, a história é outra.
Bem, mas foi por motivo de força maior. Eis que ontem ganhei um treco, um piripaque, siricotico, ziriguidum, cabuletê, frouxei as canelas, torci a cola, preteei o olho da gateada, enfim, trancei os pacovás. Com isso, acabei nem vindo trabalhar pela manhã, e à tarde os remédios me deixaram tão fora da gaiola, que nem pensei em nada pra postar.
São as intempéries do clima. Sei que ultimamente isso aqui tá mais pra site de meteorologia, do que propriamente um blog, mas a luta ferrenha do frio com o calor que se aproxima está me tirando os órgãos do lugar, o que acaba por afetar meu pobre e indefeso organismo.
Aqui no Círculo Polar Gaúcho, digo, no Rio Grande do Sul, estamos nos aproximando da fase conhecida por "efeito cebola". O vivente sai de manhã com cinco blusas e duas jaquetas e, a partir do meio-dia, vai "se descascando", tirando os quilos de roupas, devido ao aumento da temperatura. À noite, pra voltar pra casa, veste tudo de novo. Não é à toa que São Pedro é o nome de um hospício em Porto Alegre...
Esse texto tá mais informal que conversa de ônibus, mas vamos em frente, porque a fase é mais gostosa do que beijo de prima. Ontem fui assistir a uma mostra de dança, a convite de uma amiga, e descobri que, sim, eu não levo o mínimo jeito pra dançar essas coreografias ensaiadas. Rebola daqui, sacode dali, tudo isso com uma calça colada lá no fiofó, onde o vento faz a curva, se é que me entendem. Eu só manjo uma dança gaúcha, um pagodinho, e olhe lá, tudo muito feijão com arroz. E, com mil lagartos estrábicos, tem que ser muito seguro de sua sexualidade pra vestir uma colã daquelas, Deus do céu! Se fosse eu, teria que escolher entre dançar, ou desatochar a calça do tanifuqui. Que momento!
Foi bem legal, gostei de apreciar as coreografias. Toda forma de arte é válida. Além disso, vale o esmero das pessoas em decorar e ensaiar todos aqueles passos, além da coragem de apresentá-los em público, né (eu não esqueço dos caras rebolando com aquelas calças...). Nota dez pra todo mundo. Aliás, falando em notas, os jurados me intrigaram. Pombas, os caras passavam mais tempo anotando, do que propriamente assistindo às coreografias! As notas eram para quem, então? Para as músicas? Bah, quase que fui lá e dei uns chacoalhões, "tchê, olha pra frente, tá perdendo a dança da guria"! Entretanto, minha parcimônia ainda não permite que eu cometa tal desatino.
A nota zero fica por conta de um singelo grupo de aborígenes que instalou-se nas cadeiras à nossa direita. Definitivamente, educação não se compra no mercado. Não eram gritos, mas sim berros. Comentários infames, esdrúxulos e até mesmo de baixo calão. Nada apropriado para o teatro de um centro de...cultura. Que ironia.
Pois bem, por hoje chega, senão o texto fica mais enrolado que namoro de cobra. Hoje eu dedico o texto pro Marquinhos, pois creio que o estilo ficou bem parecido com a informalidade dele, naturalmente adaptado às questões "quemomentistas", como costumo classificar. Além disso, é ele quem alegra os ensaios do coral e dá as maiores gargalhadas das piadas que eu faço (o tempo todo), e me cumprimenta porque eu paro o assunto no meio e entro exatamente no tom da música que começou. Ah, e parabéns pela banda larga. Um dia ainda chego lá.

Um abraço a todos!

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