Labirinto

Há horas em que eu me questiono, sinceramente, sobre até onde vale à pena ser um cara calmo e bonzinho. Não que isso signifique a vontade de sair quebrando tudo e fazer o mal para as pessoas, mas falo num sentido figurado, refletindo acerca de um certo comodismo que essas características me trazem.
De tanto ferver os miolos com questões essencialmente vazias, acabei por desenvolver um auto-controle que beira a frieza em certas situações. É como se, apesar da sensibilidade notável em relação a questões pessoais, o semblante e a postura sejam praticamente blasé frente a decisões que exigem um certo temperamento sangüíneo.
Entre os prejuízos que isso causa, está o fato de as pessoas não perceberem que está acontecendo algo diferente. Mesmo porque, se o cara está sereno e tranqüilo, que mal pode lhe afligir? Além disso, faltam pessoas que poderiam escutar algumas confidências sem emitir qualquer tipo de opinião e/ou conselho. Tá, pode-se dizer, com isso, que eu não quero correr o risco de ser corrigido, o que não deixa de ser verdade.
Baseado nisso, começo a ficar sem espaço no disco rígido do meu cérebro para escrever com leveza, já que certas questões passam a tomar proporções maiores do que deveriam. É curioso, porque, aparentemente, e até mesmo para mim, não se nota qualquer sobressalto. No entanto, basta querer criar algo que exija um pouco mais do meu intelecto, para que soe uma espécie de sinal de alerta, que diz: "antes, você deve resolver a seguinte pendência."
Como sair de um labirinto que, de tão confuso, nem parece necessitar saída? Sim, é doido, mas é bem dessa forma que acontece. É como se eu assistisse a um filme onde a personagem principal passa pelos mais variados apuros e obstáculos, e não ocorresse empatia alguma de minha parte. Porém, ao analisar melhor o biótipo do indivíduo, perceberia facilmente que se trata da minha pessoa dentro da telinha.
Não, meus caros, eu não fumei nada, fiquem tranqüilos. Apenas me permiti, de maneira pouquíssimo ortodoxa, externar algo que não deve ficar claro o suficiente para haver uma compreensão geral. Até porque, quando mais adiante eu voltar a ler este texto, terei um registro de mais uma etapa superada, podendo inclusive identificar os métodos usados para tal.

Modo espírito de Minotauro: ON

4 comentários:

  1. Lendo seu texto eu fiquei num misto de "estou entendendo tudo, tudo faz sentido" com "do que será que ele está falando especificamente?!".

    Mas uma coisa ficou bem clara (pelo menos nessa minha cabeça de vento): algo em você tem lhe incomodado.

    E isso já é suficiente pra tirar um pouco do trilho e levar a pensar nisso e querer resolver/melhorar pra poder seguir com as outras 'coisas' q passam pela cabeça.

    E mudar sempre traz as consequencias (boas e ruins). Por exemplo, a sua mudança em ser uma pessoa mais tranquila foi maravilhosa, sem dúvida!
    *abre parêntese*
    E é, de certa forma, em vc que eu me "inspiro" pra eu ser mais calma tb.
    *fecha parêntese*
    No entanto, tem seus efeitos colaterais. Pelo oq vc disse no seu caso foi "auto-controle que beira a frieza em certas situações".

    Eu falei, falei e num disse nada. Nem sei se oq eu disse tem a ver...
    Mas se algo te incomoda e vc acha que mudando nem que seja um pouco o seu jeito de ser, vc ficaria melhor e conseguiria 'resolver' (não gosto dessa palavra) algumas questões suas...
    vc sabe que consegue!!!
    pode até levar tempo e necessitar de paciência (olha ela aqui de novo), mas você sabe que isso é possível, sim!

    Então, cabe ao Branquelinho querer melhorar tudo isso.
    E eu?!
    Bem, eu estou sempre aqui quando vc precisar!

    beeeeijooo

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  2. Mano velho, os psicopatas pensam e agem com essa frieza... ("eu não queria matá-la, era só pra testar a resistência dos ossos, mas quando concluí que eram realmente mais fracos do que pensava, ela já estava morrendo. me desculpe, foi mal.")...
    %$#@~*!!!!
    Também tenho meus momentos assim, mas tu me ganha de longe...
    E que filosofia, heim? Tem uma tira do Calvin que ele abre a tampa da cabeça e o cérebro vai passear... e depois ele se assusta porque não consegue mais buscá-lo...

    Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos, pessoas ou idéias terá sido mera coincidência.
    Mas mesmo assim, cuidado!

    Um abração!

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  3. Antonio.

    Vou te dizer só uma vez:

    Bonzinho só de F*de!

    Brincadeiirnhas a parte, que coisa boa ler teu blog! Tens muita intimidade com as palavras, e isso é mais que admirável! =)

    Gostei. Vou voltar sempre.

    ;*

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  4. Ah! Esses labirintos....
    Sempre aparece algum, né?
    Se estamos raivosos as pessoas ao nosso reder reclamam.
    Quando nos acalmamos e ficamos na nossa, as pessoas reclamam também.
    Nunca entendi o homem(digo homem no geral, não no sexo).
    Ah! E quanto aos amigos que apenas escutam um desabafo... Acho que sou uma delas, sabia? Nunca sei o que dizer e acabo só escutando. Gosto quando me escolhem para conversar, desabafar...
    Nem sempre sei dizer coisas "sábias", mas ás vezes, acho que um olhar, um abraço, consolam muito mais....

    Talvez eu tenho fugido do tema central... Mas foi pra onde a minha mente me levou...

    Beijão

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