Música "Que Momento" da Semana (23)

Nos últimos dias, minha mãe descobriu um CD do Porca Véia que esqueci dentro do carro, e agora vive escutando ele pra cima e pra baixo. Cada vez que ela vai me buscar em algum lugar, o carro pulsa com o tranco do gaiteiro do Pontão. Ela, com cara de orgulhosa, já abre um sorriso faceiro porque sabe que eu gosto muito desse tipo de música.
Como não poderia deixar de ser, o saudosismo irrompe minhas têmporas e traz consigo a lembrança de fatos muito interessantes que ouvir uma música do agrado desperta. Quando eu tinha uns 14 ou 15 anos, sempre chegava da escola no mesmo horário, 12:30. Certo dia, quando cheguei em casa, minha mãe tinha colocado para tocar uma música que eu ouvia diariamente e gostava muito. Sou assim, quando vicio numa canção, a ouço até enjoar.
Entre sem graça e surpreso, fiquei realmente emocionado com aquele pequeno gesto. Até hoje, minha mãe é a pessoa que melhor sabe como me agradar, pois foi dela que puxei essa simplicidade, esse apego às pequenas coisas que podem ter um grande significado.
Por isso, quando toca uma música do Porca Véia, muitas lembranças boas povoam minha mente. São Chico, a fazenda, o baile da Várzea, meus avós, as campereadas e a lida de campo, tudo isso fica muito nítido no meu pensamento quando escuto um ronco de gaita da maneira mais gaudéria possível. É como se cada nota me fizesse voltar a um bom momento que vivi, uma parte da minha vida em que me senti plenamente feliz, sem qualquer ruga de preocupação.
Portanto, posto um xote velho daqueles bem clinudos, como diria o próprio Porca Véia, "só pra matar a saudade"...


Lá Fora - Porca Véia

Lá fora quando amanhece
O galo canta bem cedo
Lá pro lado do arvoredo
Se retouça a passarada
Um índio madrugador
Vai alisando o porongo
Ajeita a taipa pra um mate
Que a água já está no ponto.

Nem bem o Sol mostra a cara
Se arremanga a peonada
Já se acorda a gurizada
Vão apojando os terneiro
Um peão volteia os cavalos
Pra encilhar que tá na hora
De se largar campo afora
Tem castração no rodeio.

O laço cortando o espaço
Cerra na aspa do touro
E o taura por desaforo
Deixa a argola relampeando
E outro só por proeza
Com a armada de todo o laço
Da um pealo de cucharra
E mostra certeza no braço.

Assim é a vida lá fora
Naquele fundão de campo
Onde amanhece e anoitece
Mas sempre no mesmo tranco
Pra uma visita lá fora
Não precisa ser parente
A hospitalidade mora
No coração desta gente.

3 comentários:

  1. Grande parte do vocabulário da música eu não conheço, e acho difícil que eu vá memorizar. Eu não sou do campo, mas gosto de algumas músicas desse tipo, assim bem gaudérias.

    Abraço, maninho!

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  2. Eu tinha lido ontem, mas tive que sair correndo e acabei nem comentando... Achei que tinha comentando... hehehehe
    É sim, existem músicas, lugares, frases e até cores que nos lembram momentos e pessoas... às vezes bons, ás vezes nem tanto...

    A música é bonita, mas agora fiquei com vontade de escutar esse rítimo típico desse cantinho que eu tanto adoro!!!!!

    Ah! E é sim... Hoje é o dia da Saudade!!!!! Triste sim... Mas ás vezes, é bom saber que alguém a sente por nós, não é não??? hehehe

    Beijão moçinho!
    E bom dia pra tu!

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  3. Poca véia foi óóóóteeemo! Agora acho que vou escrever pra revista Porcão da rede de restaurantes, ou seja, sou uma porca véia.
    Eca.
    Haha
    beijo!

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