I Have a Dream

Outro dia, minha mãe me deu carona após o trabalho. Fui reto no rádio do carro colocar para tocar meus maravilhosos CDs gaudérios, quando ela pediu carinhosamente que eu deixasse na estação sintonizada. Acrescentou que, antes de me pegar, havia tocado uma música do ABBA que ela gostava. Segue o diálogo:

- Mas... Tu gosta de ABBA?

- Bah! Eu adoro ABBA!

"Eu adoro ABBA", assim, com o verbo em negrito mesmo. Há muito tempo que eu não via os olhos da minha mãe brilharem por causa de música. Aliás, nem sei se já tinha visto uma cena assim alguma vez.
Lhes confesso que meu conhecimento sobre ABBA era o mínimo possível. Sou, inclusive, declaradamente resistente a músicas estrangeiras, o que, somado à antipatia que nutro pelo inglês, me torna praticamente um ignorante no que tange à musicalidade d'além-mar.
Porém, eu disse era. Encuquei com aquele "eu adoro ABBA", pois minha mãe não é pessoa de gostar de porcarias. Logo, se ela adora, deve ser bom. Resolvi, então, ir atrás, baixar algumas músicas e gravar um CD pra ela escutar no carro, até para fazer uma surpresa de filho mimoso. Sim, sou um primogênito e tanto.
E foi assim que nasceu uma paixão instantânea: eu e ABBA, ABBA e eu. Há dois dias que não escuto outra coisa que não seja as vozes de veludo de Agnetha Fältskog e Anni-Frid Lyngstad. Estou alucinado por ABBA, imerso nos anos 70, curtindo essa banda e quebrando um tabu de não curtir estrangeirismos. É, meus caros, a vida se renova e não quero ficar pra semente.
Agora é assim, chego no trabalho e inicio meu dia com muita disposição, ao som de Dancing Queen, o que me faz esquecer dos problemas e botar um largo sorriso de orelha a orelha. Ontem, inclusive, dei o CD de presente para minha genitora. Vocês tinham que ver a satisfação dela! A cada faixa que tocava, ela balançava a cabeça assertivamente. Em algumas, acrescentava um "essa era sucesso no meu tempo" ante os olhos atentos do meu irmão, que tá naquela fase de perguntar tudo sobre qualquer coisa.
Depois, fizemos um mini-baile anos 70 na cozinha, comigo e meu caçula requebrando as cadeiras, tal qual numa novela das 18h, bem como minha performance a la John Travolta arrancou gargalhadas do guri. Mal sabe ele que um dia chegará na fase da bobeira e fará até pior.

Essa chegada do ABBA na minha vida significou tantas coisas! A retomada da paixão - quem não tem cão, caça com gato. Pra quem tá caindo no abismo, qualquer barbante vira corda. E estou, sim, apaixonado. Embevecido. Esturricado. I Do, I Do, I Do, I Do, I Do.
A harmonia familiar. Bah, como é bom dançar assim dentro de casa, brincar, fazer uma surpresa boba pra mãe, mas de grande significado para a melhora dos humores. Uma quebra de rotina, sabe? Preciso fazer isso mais vezes. Esse, por sinal, é meu retrato de família feliz, brincando, rindo, se divertindo. Sonhos que às vezes ficam perdidos no espaço, mas que podem ser realizados com simplicidade e criatividade.
E, por último, mas não menos importante, o fato de eu conhecer minha mãe há quase 23 anos e nunca imaginar que ela gostasse tanto de ABBA. Isso mostra que, por mais que o tempo passe, é difícil conhecer uma pessoa por inteiro, o que, conseqüentemente, traz surpresas boas, mas também decepções. É assim que a vida segue, Knowing me, Knowing you.

16 comentários:

  1. Posso dizer, que essa sua paixão pelo Abba, está influenciando mta gente!

    Bjo moço dos textos inteligentes!

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    essas nossas descobertas de coisas antigas são as melhores.

    Bjo

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  3. abba é bom demais;

    you are the dancing queen
    young and sweet, only seventeen

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  4. E o tempo passa e não conhecemos mesmo por inteiro uma pessoa. Eu concordo contigo.
    Nada também é mais gratificante que essas brincadeiras dentro de casa, é risada garantida.
    Beijão!!!

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  5. Guri, já te disse...também amo ABBA!
    Vamos combinar que nossos coroas até que tinham um bom gosto...

    Beijos Doces,
    Pitanga.

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  6. Concordo quando diz que ninguém conhece ninguem por inteiro! Eu também me surpreendo com minha mãe... mas confesso que ela se surpreende mais comigo!
    =)
    BeijoooOO

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  7. Viu só?!
    Música estrangeira não é tão ruim assim ^^
    Conheço quase nada do ABBA mas sei que as músicas deles são bem tri!
    Fiquei imaginando o bailão ao som de ABBA que se fez na cozinha...que cena mais linda!
    Acho tão bom esses momentos em família, e adoro quando os tenho; ver que as outras pessoas os têm também é legal!

    Bjus chuchu ;)

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  8. "E esses corações?"
    "É ABBA, ué"
    "Ah"

    kkkkkkkkkkkkkk
    tudo entendido!
    mamãe fazendo milagres, heein?
    \o/

    Ah, não se preocupa que meu blog não vai deixar de ser um guacho (?).
    Ou não.

    ;***
    bom fds, ABBeiro (??)

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  9. Não posso dizer que gosto do ABBA, mas posso dizer que gosto do clássico Dancing Queen.
    Bjitos!

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  10. dancing queeeeeeeeeeeeeeeen! Boaaaaaaaaaaa!
    Eu gosto de algumas músicas. Acho engraçado pensar que minha mãe tbm gosta...
    Você é demais, Antonio!
    Beijos

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  11. Que lindo isso!!!
    Minha mãe sempre gostou de ABBA e também já gravei um cd pra ela... Também já gravei um de Elvis e foi com ele que ficamos um tempão dançando na cozinha e cantando alto... É bom demais quebrar a rotina!!!!
    E, melhor ainda é conhecer mais que está sempre com a gente...

    Beijão pra tu

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  12. Mas que filho ótimo, gravando CDs pra mãe ouvir no carro!
    Pra quem tá caindo no abismo, qualquer barbante vira corda... hahaha, gostei dessa! Ultimamente estou na história de "já que tá no inferno, abraça o capeta".
    Nossa, é disso que eu preciso: quebra de rotina! Exatamente isso!
    E que bom que vc está apaixonado de novo!
    Beijo!

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  13. Que lindo (imaginando a cena de vc e seu caçula dançando!).
    Engraçado como pequenas descobertas podem quebrar nossa rotina...
    Beijos.

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  14. Adoro ABBA e músicas deste gênero...Aprendi com minha mãe!Desde pequena ouço músicas dos anos 60,70 e 80, são ótima!Aqui em São Paulo que tocam músicas deste estilo: Alpha FM, por exemplo!
    Beijinhos!!!
    Thaís M M

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