Alguns assuntos no início de uma boa semana

Hoje eu acordei com vontade de fazer 23 anos. Curioso, não? A maioria das pessoas com quem converso não gosta de fazer aniversário, ou então não dá muita importância a essa data. Já eu, bah, gosto mesmo de ver o dia 26/09 chegando no calendário. É a garantia de que dezenas de pessoas - ainda mais agora, com o advento do Orkut - lembrar-se-ão de mim com algum carinho e manifestarão o dito cujo de alguma forma. Em tempos de vacas magras, todo e qualquer abraço é bem-vindo.
Por falar em vacas magras, o fim-de-semana na fazenda foi uma bênção. A começar pela jornada de ônibus até chegar em São Chico, sempre um prato cheio de adrenalina e situações inusitadas, como, por exemplo, rodar por dentro de inúmeras cidades que eu nem fazia idéia que existiam até chegar no destino final. Por Deus que aquele ônibus deu mais voltas que bolacha Maria em boca de velho! Quando já perdia as esperanças de chegar a tempo, eis que encarnei Usain Bolt nas ruas de Taquara e consegui embarcar mais rápido que um guepardo em plena forma física.
Continuando a falar das vacas magras, a lida do campo aprontou mais uma de suas peripécias no sábado, quando ajudei meu avô a desatolar uma pobre bovina que, em busca de pasto mais verde para seu sessenta folhas (um dos nomes dos quatro estômagos das vacas), acabou literalmente chafurdando na lama, o que nos causou um trabalho medonho para retirá-la. À base de muita força e a ajuda de uma talha, destrocei as canas de meus pobres braços puxando a vaquinha que, só de birra, morreu. Aí, eu pergunto: custava morrer no barro? Não, ficou ali, agonizando, esperneando, protagonizando uma cena que me fez ter pesadelos à noite. Coitada, que Deus a tenha.
Restaram as camadas de barro que levaram dois banhos para deixar minhas unhas em condições mínimas de higiene e sem o fétido odor do barro misturado ao esterco. Nada contra o cheirinho natural do excremento bovino que, aliás, é bem melhor que o da fumaça de um cigarro, por exemplo, mas convenhamos que não é nada apresentável chegar perto de qualquer pessoa fedendo à vaca atolada. De qualquer forma, ficou a sensação de dever cumprido, mesmo tendo terminado em óbito.
Falando em óbitos, metaforicamente, com a partida do vinte de setembro, morre o gauchismo no coração de muitos que habitam esta terra. Nada contra as comemorações, acho todos os desfiles uma maravilha e penso que exaltar nossa cultura gaúcha é uma honra latente. Porém, me desapontam aqueles que lembram do que é ser verdadeiramente gaúcho apenas no mês de setembro. Gente que não vê um cavalo o ano inteiro, mas quer se vangloriar com toda a pompa desfilando montado num pingo que mal sai da cocheira nos meses restantes.
Não que para ser um tradicionalista autêntico se deva andar sempre pilchado, ou lidando no campo, até porque sei que isso não é possível na urbanização - além do que a maioria detesta o que eu adoro nesse sentido. Todavia, falo daquela estampa farrapa que corre nas veias, marcada a ferro no lombo de quem guarda o Rio Grande do Sul no coração, como berço de uma terra culturalmente abençoada e admirada por aqueles que chegam de fora.
Ser gaúcho é ostentar essa dádiva com orgulho o ano inteiro, defender as raízes de uma tradição diferenciada e que mostra o quanto é gratificante habitar este chão ao sul do Brasil. É ser por fora um cidadão de bem, seja lá qual for a roupa que vista, ou a música que ouça, mas conservar por dentro a solidez altiva de um peão macanudo, ou a ternura receptiva de uma prenda. Esporear os obstáculos, domar os percalços e pealar qualquer dificuldade, mostrando a gana de viver que o gaúcho tem. É, enfim, servir às nossas façanhas de modelo à toda terra.

Muito bem, já misturei assuntos demais para hoje. Se alguém quiser rir, passe aqui amanhã ou quarta para ler o próximo texto. Advirto que o assunto é, no mínimo, curioso.

9 comentários:

  1. Poisé Toni,
    que pena que a coitada da vaca não resistiu :/ Não gosto quando animais morrem. :~
    E esse lance de patriotismo só em época de data é natural, não só dos gaúchos, mas de todos os brasileiros.

    Beijo ;*

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  2. estou curiosa pra ler o próximo texto :-P

    vindo de você, o assunto deve ser muuiittoo curioso.

    você vem mesmo pra cá????


    bjo*

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  3. Coitada da vaca!
    É, não dá mesmo para chegar perto de alguém fedendo a vaca atolada (lembrei do prato vaca atolada agora).
    Não sou gaúcha, mas gosto do RS. Até teve comemoração pela revolução farroupilha aqui na minha cidade.
    Viva o sul do Brasil! o/
    Fiquei muito curiosa com o próximo post!
    Beijo!

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  4. Meu coisiiiinha, me diz oq vc queria comentaaar!
    fiquei curiosa
    =/
    e sua opiniao é sempre mto bem vinda.
    ^^

    Discordo. Prefiro o cigarro ao cheiro do "excremento bovino". Não gosto de cigarro, mas do outro...
    argh!

    boooa semana!
    ;*

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  5. Bah, que relato tri!!!
    Infelizmente o manifesto total sempre é em setmbro de todo gaúcho. Eu, fico na minha. Sei o quão amo minha terra e por ela eu dou sangue se um dia for necessário.

    Abs

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  6. menino quanta coisa.

    Aniversário, vaca atolada e depois morta, patriotismo.

    E olhe que ainda falta uma semana pro mês acabar.

    Bjo

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  7. Ah, eu fiquei triste por causa da vaca, sabe.. Mas foi bonito seu esforço, Ton, tenho certeza que foi...
    E sabe de outra coisa? Eu achoo tãooo bonito esse seu amor pela terra vivida, bonito mesmo essa honra gaúcha. É até de se invejar.
    A cultura de vocês é mto rica e eu acho que nós temos muito de aprender...
    Beijos.
    www.sodacausticaeguarana.blogspot.com

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  8. Quantos acontecimentos somados!!! Ufa! Até cansei-me ao ler...rs
    Mas, como sempre, me diverti bastante. Confesso, senti pena da pobre vaquinha. E por você pelo excremento...rs
    Quanto ao 'gauchismo', admiro sua visão sobre seu estado. É lindo e dá-se para sentir daqui da cidade maravilhosa todo o seu amor e carinho para com o Rio Grande do Sul. Admirável! Parabéns!

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    Fico feliz que tenha conseguido descansar bastante. Quanto a mim... Ainda não foi dessa vez, meu amigo. Ando trabalhando mais que camelo no deserto do saara! Aiai...rs, Mas sem reclamar. Gosto do que faço e isso que importa, certamente!

    Abs.

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  9. Garanto que eu lembrarei, porque assim que vi que seu aniversário está chegando, tratei de anotar no meu calendário aqui.
    Ai, que dó que deu da vaquinha agora.
    Bjitos!

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