A cruel vida canina - Parte 3

Todos devem lembrar do recente e impactante cio pelo qual nossa cachorrinha caçula passou há cerca de dois meses. Pois bem, o resultado chegou essa semana. Oito resultados, para ser mais exato.
Com o passar dos dias, a gravidez de Sofia tornou-se evidente. Tentamos esconder ao máximo, mas chegou num ponto que a vizinhança já comentava. "Tua cachorra vai dar cria, é?", indagação a qual, cabisbaixo, tive de responder muitas vezes afirmativamente, o que decretava que a honra de minha estimada cadelinha fora jogada no vento.
Porém, me causava espanto que a barriga não parasse de crescer. Temi inclusive pelo tamanho do cachorrão com quem ela fornicou meia-dúzia de vezes - isso até eu desferir um golpe certeiro de vassoura na fronte do fascínora - até porque já vi perder a vida uma fox terrier a quem eu amava, e tudo por causa de não conseguir dar à luz filhotes de um brutamontes. Maria Santa era o nome dela, a Santinha. Bem, isso é história pra outro dia.
O fato é que, para uma primeira gestação, Sofia ostentava uma pança considerável. Arrisquei palpite e antevi em confabulações com minha mãe que seria uma ninhada e tanto. Ela discordou, chutou três ou quatro. Mesmo assim, permaneci firme em minhas convicções e previ que nosso pátio estava prestes a virar um canil.
Não deu outra. Certa noite, notei que Sofia estava inquieta. Gania, fitava-me com olhos de preocupação, como se não soubesse direito o que fazer com aquele monstro barrigão. "Chegou a hora", pensei, "vem aí a bicharada". Na manhã seguinte, quando a procurei, deparei-me com aquele arco-íris de filhotes em meio às folhas secas, abaixo do limoeiro, lugar que a mais nova mamãe da casa escolheu para trazer ao mundo seus rebentos.
Oito. Três pretos, três marrons e dois barrosos, que significa algo entre branco, amarelo e bege. Ou seja, a reputação de Sofia está mais por baixo que barriga de cobra, já que a pluralidade genética dos recém-nascidos denuncia o quão polígamos foram aqueles dias de cio. Bem que eu percebi que era um entra-e-sai, literalmente, de cachorros no pátio. Em boa coisa não podia resultar.
Agora, enquanto escrevo, estão ali, mamando e grunhindo. Aliás, é só o que fazem o dia inteiro. Mamam, mamam, mamam. Grunhem, grunhem, grunhem. E crescem. Em três dias, dobraram de tamanho! Pudera, já que Sofia é farta de úbere, parece uma vaca leiteira. Suas tetas quase arrastam pelo chão quando ela caminha.
Todavia, é mãe relapsa. Amamenta e tudo mais, mas não se pode dizer que é uma mãe amorosa. Antes de trazermos a criançada pra garagem, ela os abandonava à própria sorte lá embaixo do limoeiro e vinha para junto dos demais, perto da porta. Os coitadinhos, naturalmente, grunhiam de pavor, afinal de contas, Deus, sabe-se lá por que cargas d'água, fez os cães nascerem com os olhos grudados, vindo ao mundo ceguinhos, ceguinhos. Quanta sordidez, não? Eles ficavam lá, se debatendo, grunhindo, dava pena.
A cada leva de grunhidos, algo inusitado acontecia. Os outros três cachorros - avó, tia e pai, pelo menos dos três marrons - corriam desesperados para acudir. Como bem comparou minha mãe, parecia a chegada de um recém-nascido numa família humana. A criança chora e a parentaiada toda corre em volta do berço pra bajular. Já Sofia, nem te ligo, desfilava lépida e faceira pelo portão, talvez já articulando o próximo cio.
Pois bem, eis que agora resta a crucial questão: o que fazer com mais OITO cachorros em casa? Abrir uma filial do canil municipal? Uma tenda de churrasquinho? Um circo de cães adestrados? Chamar uma assistente social e encaminhá-los para adoção? Sinceramente, ainda não pensei com calma nisso, já que temos pelo menos um mês de filhotes mamando, grunhindo e, daqui a quinze dias, abrindo os olhos, pulando pra fora da caixa e fazendo uma cagança infernal na garagem.
No entanto, é óbvio que não há lugar aqui para essa matilha desmedida, fruto das aventuras sexuais de Sofia. Onde já comem quatro, fica difícil alimentar mais oito. Eles são engraçadinhos, é verdade. Porém, novos cios virão e a vida precisa continuar. Portanto, se você conhece alguém que adoraria ter um cãozinho sem raça e pai definido, entre em contato, que daqui a um mês teremos de sobra aqui em casa.

8 comentários:

  1. Olá!!!
    Fiquei muito feliz por sua volta!!!!
    Parabéns pelos filhotes...adoro animais!!!!
    Beijinhos!!!
    Thaís M M

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  2. Espero que você encontre ajuda. ;)
    Bjitos!

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  3. rsrs. Retorno em gde estilo.
    Infelizmente aqui tb já tem cachorros demais! Mas vc bem podia ter colocado as fotos dos bichinhos!
    Beijos.

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  4. Ah... Bem que se eu morrase a menos quilômetros de distâncias eu pegaria um para o meu pai criar no sítio... :)
    Beijão, homem!!!

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  5. Pelo menos Sofia curtiu o cio, né? Arrumei um gatinho, aí Meg resolveu adotá-lo e agora está com leite... Ele passa um tempão mamando... Aí aí...

    Mas ei... Vai aparecer quem queira eles, viu? E tu vais morrer de saudades...

    Beijão

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  6. Minhas felicitações !!!
    Parabéns. Sugiro abrir uma lojinha especializada em filhotes bastardos. Que tal? Garando que a uma siginifcativa demanda por essi tipo de filhotes hehehehe

    Abraço

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  7. Eu adoro cachorros, mas a patroa, infelizmente, não permite 'isso' aqui em casa (rs!)... De qualquer forma, boa sorte, vc há de encontrar alguma alma caridosa que ame esses devoradores de leite...
    Grd abraço!

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  8. KKKKkkk, essa Sofia é mesmo demais viu!rs
    Até conheço alguém que gostaria de um viralatinha... Manda SEDEX pra BAHIA?rs

    ABS, amigo.

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