O Amor é otimista

O ser humano é dois: um quando ama e outro quando não ama. O amor é o controle remoto da vida. Se você o tem, pode trocar de canal e modificar drasticamente a programação. Digo isso porque, desde que estou imerso nesta imensidão amante que não tem fim, a vida parece ter tomado outra direção. Os passarinhos são todos verdes, o céu é azul até quando chove e o trânsito é uma maravilha desfrutável que a indústria automotiva proporciona.
Amar faz bem à pele, ao paladar e à literatura. É possível identificar se alguém está amando apenas pelo que o indivíduo escreve. Sou a prova viva disso. Aliás, essa é uma faca de dois gumes, pois nota-se com veemência se tal amor é ou não correspondido. Lhes asseguro, inclusive, que nem no hino nacional há clava mais forte que a do desamor. Na próxima encarnação, quero voltar um cachorro sarnento, mas não quero voltar como alguém que ama e não é amado. É tenebroso.
Bueno, mas como agora as flores estão mais coloridas e os rouxinóis gorjeiam efusivamente, essa vida primaveril já quase não permite que eu tenha dores-de-cabeça. E, quando as tenho, o beijo suave do amor supera qualquer propaganda de antigripal, principalmente se observados a posologia e o modo de usar. Na maioria das vezes, não há regra, e esse é o grande barato. Amor é que nem tamagotchi, basta alimentá-lo, brincar com ele, deixá-lo descansar e limpar a sujeira, que continua vivo.
O amor é uma espécie de revisor ortográfico. Ele retira as repetições, simplifica a liguagem e deixa somente o essencial. A falta dele é que gera os excessos, as dúvidas e a impaciência. A quem ama, dá a impressão de que todas as verdades são absolutas e, se não forem, tudo bem, pois se ama assim também.

O amor é poeta, gosta de rima.
Completa, alegra, o amor anima.

E, se a vida dele cheia não fosse,
talvez não seria ela, a vida, tão doce.


Sinceramente, não sei qual é a receita certa para a felicidade. Talvez não haja curso de culinária que saiba ensinar algo tão complexo. Mas, se me fosse permitido arriscar um palpite, eu diria que leva, pelo menos, três xícaras de amor. Quiçá quatro.

3 comentários:

  1. Tuas palavras, com amor, são bo-ni-tas. Li vermelho todas as linhas.

    Um sorriso bobo.

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  2. Tuas definições sempre ótimas: "Amor é que nem tamagotchi, basta alimentá-lo, brincar com ele, deixá-lo descansar e limpar a sujeira, que continua vivo".

    É isso mesmo.
    Abraço

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  3. Hahaha
    Ei, amei teu blog! Tu escreve de um jeito muito legal... Prazer, sua nova seguidora. :)
    Anda inspirado, hen? O amor é lindo, olhasóquecoisabonita!
    Beijos!
    Se quiser, passa lá no meu ;]

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