ANTÔNIO DECIDE VIVER

Diz o ditado que "o que não mata faz forte". Acredito nele. As provações pelas quais passamos fazem parte do ato de dar a volta por cima. É por isso que eu penso que cair alguns tombos, em certas situações, é muito válido. A vaidade às vezes nos leva às alturas, o que acaba por nos cegar em certas situações. De repente, enxergamos algo simples, porém mais fortes do que nós, que faz com que nos sintamos, como bem definiu uma amiga minha, "um lixo".
Sim, eu me senti um lixo. Deu vontade de sumir, sair correndo. Traumatizou. Entristeceu. Era algo que eu não esperava, como uma negada de cavalo¹, e aí o tombo aconteceu.
Entretanto, ele acabou servindo para que um longo desabafo acontecesse, para as pessoas certas, na hora certa. E aí, poucos minutos depois, a volta por cima aconteceu. Mas há um detalhe: ela só aconteceu porque eu escutei as palavras de incentivo necessárias para isso. Sim, eu sou um cara que precisa escutar dos outros o que eu significo em suas vidas. Sendo assim, não é à toa que meus melhores amigos são justamente as pessoas que fazem questão de dizer isso, ainda que às vezes precisem de um empurrãozinho meu. Para não ser injusto, existe uma pessoa que faz isso espontaneamente, o que a torna especialmente especial, com o perdão da redundância.
Todavia, outras pessoas estão aprendendo isso, especialmente uma pessoa , que esperou o mais puro silêncio para chegar ao pé do meu ouvido e sussurrar: "no que depender de mim, jamais ficarás sozinho", seguido de um "te amo muito". Resultado: me deixou sem palavras, as quais avidamente busquei sem sucesso. Pode parecer contraditório, mas adoro perder as palavras por causa de um elogio. E agradeço a Deus por meus amigos estarem aprendendo isso.
Sozinho, eu não sou ninguém, sou um parasita, apenas existo. Até uma carucaca² vale mais do que a minha solidão. É por isso que decido viver, principalmente quando estou à beira do abismo. Acho até que simpatizo com idéias suicidas, pois elas fazem com que eu me erga com mais força. Sim, eu preciso ser desafiado, funciono melhor sob pressão (por favor, sem malícias, estou no auge da inspiração. Tá, ficou chato, podem rir). Minha ansiedade necessita de um contrapeso, alguém que me passe segurança, que me faça decidir viver, ao contrário de Verônica, do livro do Paulo Coelho (obrigado, Cíntia).
Por isso, muitos dos leitores freqüentemente enxergar-me-ão à beira do abismo, me sentindo um lixo, rumando para o caminho de Verônica. Não obstante, pensar em todos aqueles que precisam de mim vivo e alegre fará com que, em poucos segundos, eu esteja novamente com a auto-estima elevada e a velha vaidade de volta. Outrossim, a família terá a mesma importância.
A quem interessar possa, estou feliz, estou bem. Preciso dizer isso para você que importa-se verdadeiramente comigo, esteja você perto ou longe.

Um grande abraço a todos! Fiquem com Deus! Hala Salabi³!

¹Diz-se que o cavalo nega quando o animal toma um susto, atirando as patas dianteiras, acompanhadas de seu corpo, excetuando-se as patas traseiras, para um dos lados. Se quem estiver montado não souber andar a cavalo muito bem, certamente beijará a macega (grama).
²Carucaca é um pássaro da região da Serra, de bico bastante comprido. Tem esse nome porque é a palavra parecida com seu canto.
³Vem da propaganda da Intelig, que os caras cantam quando saem de trás da árvore. Criamos uma religião de brincadeira num passeio, o Tantra, e essa ficou sendo a frase principal, como uma saudação.