OS CAMINHOS DA IMPERFEIÇÃO

Todo mundo sabe que ninguém é perfeito. Essa frase é, por sinal, um dos mais usados clichês. Todavia, o mais difícil é identificar os caminhos que a imperfeição traça em cada uma das nossas personalidades. Sim, pois cada pessoa é diferente, o que faz com que cada um tenha suas imperfeições caracterizadas de formas unilaterais.
À medida em que vamos vivendo, o conhecimento desse lado séptico da nossa personalidade vai aparecendo, causando decepções e supresas. São manias, defeitos, tiques, enfim, atitudes que tomamos de maneira errada, do ponto de vista social e comunitário.
Posso dar dois exemplos, com os quais convivo na minha personalidade diariamente. Teimosia e ciúme. Não são os únicos, mas são os mais fortes, aqueles que mais me entristecem quando os cometo.
O lado bom da teimosia é que ela dá firmeza nas idéias, e até uma certa segurança. Mas pára por aí. De resto, é uma intransigência vil, cruenta, uma atitude de austeridade, que torna o debate impenetrável por uma idéia que possa amaciar a crosta de teimosia que paira sobre minhas convicções. Já ouvi mais de uma dezenas de vezes que sou teimoso. É claro que não ando por aí questionando tudo e querendo sempre impor o que penso, porém tenho consciência da dificuldade que é abrir meus olhos para uma realidade diferente daquela que eu penso.
Mas o pior ainda é o ciúme. Não o ciúme bom, aquele que passa a intenção de amabilidade, de que a pessoa importa-se com a outra, mas aquele ciúme paranóico, possessivo, chato, incômodo. Torno a dizer que não sou um cão raivoso de tanto sentir ciúmes, até penso que diminuí bastante a minha possessividade. Minha forma de sentir ciúmes é até um tanto peculiar, devido ao fato de eu me fechar em copas quando acuado por esse sentimento, acompanhado de uma expressão facial mais séria que cabeça de porco em bandeja. Só que mesmo assim ele incomoda. Corrói meu íntimo, amarga o coração, endurece o sentimento.
Daí vem a pergunta: se eu sei que sou assim, não melhoro por quê? A resposta é tão complicada de se achar, quanto lidar com esses defeitos. Tentar trabalhar isso em mim eu até tento, mas, se fosse algo fraco e fácil de abandonar, não me incomodaria tanto.
Tenho vergonha de sentir isso, me sinto fraco, inoportuno. São rasteiras que a própria personalidade passa em mim, de forma sorrateira, perversa. E, quanto mais quietinha elas vêm, maior é o estrago.
Resta tentar continuamente apaziguar essa chama que carboniza e suja de fuligem o meu coração. Melhorar, policiar e desviar, quantas vezes forem necessárias, estes caminhos da imperfeição, que às vezes trilho em minha vida. Ignorá-los é bobagem, já que muitas vezes outras pessoas são atingidas por essas peripécias que nosso caráter imperfeito prega. O negócio é, como diz o Léo, não ficar chupando bala, fazendo de conta que tudo são rosas e que nunca erramos. A real disso tudo é tirar uma lição dessas atitudes intemprestivas e ingratas, e tentar afastá-las de nosso dia-a-dia.

Um abraço a todos!

0 comentários:

Postar um comentário

<< >>