ATRAVESSADO FEITO CU DE LAGARTO

Vou fazer um abaixo-assinado. Coletarei assinaturas dos meus amigos para pedir à farmácia comunitária que distribua dois remédios gratuitamente. São comprimidinhos pequeninos, que algumas pessoas precisam tomar para passarem bem o dia. Chamam-se Simancol (Chatonildóxido de incomodatol) e Sefragol (Inconvenietolato de Grudentolina).
Todo mundo conhece pelo menos uma pessoa que precisa de um remédio assim. Os nomes para essa virose são os mais variados possíveis: mala (com ou sem alça), chato, chatonildo, chiclé, grudento, pé-no-saco, cara-de-pau, ou então, intrometido e inconveniente, para os mais cultos.
É uma situação complicada lidar com esse tipo de pessoa. Pelo menos para quem tenta agir com boa vontade. Dá-se a mão, eles pegam o braço. O menor sinal de confiança demonstrada serve para que o vivente se sinta mais à vontade do que bugio em mato de boa fruta.
Os menos impacientes cortam logo de cara, sabem dizer não como ninguém, e perto deles o chato não chega nunca. Sobra, então, para os bobocas (como este que vos escreve), que grudaram chiclé ao pé da Santa Cruz, e agora dispõem de um chiclé exclusivamente pasa si. Ah, como eu queria ser assim, uma navalha voraz, para não precisar sofrer com perturbações.
É claro que tudo tem o seu lado engraçado. Sim, porque dá vontade de rir da naturalidade com que o taura faz suas peripécias. "Tá indo pra onde? Sério?? Vou junto!". E daí vem o famoso "Ai! Tomei no arroz...", lá no íntimo do pâncreas. Daí tu cortas pra esquerda, entras à direita, inventas uma desculpa, dá indiretas, dá diretas, e nada. Dizes que vai ao banheiro e, se perigar, o cara pede pra entrar junto.
Ou então, tu planejas sair com a namorada bem naquele dia e não avisa ninguém, para poder passear descansado. Lei de Murphy. A probabilidade de encontrar a figura é grande. E aí, babaus. Só falta a figura tirar uma prancheta do bolso e começar o interrogatório. Chega a ser pornográfico.
No fim das contas, acaba-se aprendendo a sempre levar consigo umas duas desculpas na manga, para não ser surpreendido com companhias indesejadas, em horas menos desejadas ainda. Sair correndo também é uma alternativa, mas, dependendo do grau de cara-de-pau, é bem possível que este ser amedrontador corra atrás de você, apenas para pedir as horas, e novamente perguntar o que você anda fazendo por ali.
É muito fácil de indentificar o mala à sua volta. Preste bem atenção naquele cara que pede as horas mesmo tendo relógio, que fica te observando até a hora de você afastar-se do grupo e depois te segue, que escuta tuas conversas e depois diz que estava pensando em fazer justamente o que tu disseste. Há ainda aquele que possui a maestria de encontrá-lo em um lugar que pouquíssima gente sabia que tu estarias, mas ele descobriu sabe-se lá como e, ao te encontrar, abre os braços e brada: "Puxa, coincidência, não?".
Sim, amigos, é brabo mas é queijo, dizia minha avó com um pedaço de sabão na boca. Ah, um último, mas não menos importante, cuidado. Quando na tua residência, essas pessoas costumam perder o relógio. Portanto, se tu receberes uma dessas visitas esperadíssimas às duas da tarde, digas que vais sair às seis, se não quiseres que o cara acabe indo embora apenas no outro dia, depois do almoço.
Para finalizar, um recado aos "queridos" amigos chatonildos, que porventura leiam este post. Se vocês me conhecerem, peço por tudo que é mais sagrado: não me façam perguntas a respeito. Tirem suas conclusões, e pronto. E, se mesmo assim vocês não se mancarem, pelo menos contribuam com uma assinatura no meu abaixo-assinado, para que possam ter aqueles remedinhos gratuitamente.
É dose pra mamute...

Um grande abraço a (quase) todos!

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