RECUERDOS

Cheguei em casa, liguei o computador, escutei uma meia-dúzia de músicas que estavam na minha cabeça o dia todo e, em seguida, coloquei para tocar somente aquelas sertanejas dos momentos mais conturbados. Quando dei-me conta de tal atitude, comecei a refletir a respeito daquele ato incosciente.
É, não adianta, às vezes, por mais que eu fuja, certos pensamentos e lembranças insistem em povoar a minha mente. Coisas que deveria ter feito e não fiz, coisas que deveria esquecer e não consigo. Quando o destino dá uma mãozinha para fatos enterrados reaparecerem, então, aí é que o bicho pega.
Lá pelos meus 13, 14 anos, eu tinha sonhos, planos maravilhosos. Nossa, pareciam tão fáceis, ainda que estivessem distantes...Depois, nos idos dos meus 17 anos, tudo parecia tão encaminhado, tão perfeito, até que o conto de fadas terminou aos 19, e hoje convivo com uma realidade cômoda, porém incompleta.
Como grãos de areia, vejo meus sonhos esvaírem-se por entre meus dedos, sem poder fazer nada para mudar essa situação. Ah, como eu queria que tudo fosse somente a minha imaginação brincando comigo mais uma vez...Mas não é.
Sinto-me bem do jeito que estou, aproveitando uma fase boa da minha vida, mas ao mesmo tempo dói ao constatar que tudo poderia estar sendo diferente. São dois sentimentos que confrontam-se initerruptamente, que degladiam-se dentro dos meus pensamentos, dentro do meu coração. É aquela típica cena de cinema: a mão esticada, a cara de pavor, de perda, enquanto, em câmera lenta, o corpo cai...Clichezinho cafona esse, não.
Pois é, trata-se exatamente dessa cafonice. Dos tempos em que meu romantismo não era apenas teórico, e sim prático. Antes eu falava dos meus 13, 14 anos...Nessa época eu amava tantas coisas, tantas pessoas, mas o amor ainda era um sentimento pouco palpável, pouco concreto para minha pessoa. Ouvia falar do amor desde criança, aprendi muito sobre ele desde pequeno, mas ainda não havia vivido o amor. Depois que vivi o amor, com extrema intensidade e entrega, parece que tudo ficou mais intenso na minha vida. Talvez, daqui a alguns anos, eu dê risadas disso tudo e pense totalmente diferente, mas, até agora, em minha curta existência, o parâmetro de vivência do amor ainda é um só.
E, ainda que hoje eu esteja bem sem essa vivência intensa de amor, sua chama permanece ardente dentro de mim, como se continuasse como era, todos os dias. As mesmas preocupações, o mesmo sentimento de pertencer a esse amor, de querê-lo perto. Ao mesmo tempo, a liberdade, a fase nova, de crescimentos profissionais e até mesmo na própria vida como um todo, menos afetivamente. Em termos de vida afetiva, parece que ainda continuo preso a um único elo, tamanha a solidez de sua construção, tamanha a perfeição com que foi lapidado.
Se os outros não esquecem, imagina eu, que vivi tudo isso na pele, por incontáveis dias, horas e minutos. Sim, minutos. Até eles eram importantes nessa época. O tempo era um aliado no crescimento, nos momentos de troca de sentimentos e, ao mesmo tempo, era um vilão nas horas de distância e saudades.
Sim, esse cara bobão, que escreve tanta porcaria, já viveu pelo menos um pedacinho do que chamam por aí de amor. E vivi com tamanha entrega, com tamanha cegueira, que ele nunca cicatrizou completamente. Tentei as mais diversas cirurgias e reparos, sem sucesso algum. E, ainda tendo pela frente tantas coisas a serem vividas, tenho apenas uma certeza: vai permanecer para sempre dentro de mim.
Posso ser feliz novamente, posso viver o amor outra vez, até mesmo com mais intensidade, mas não é à toa que o velho clichê (mais um) nunca sai de moda: o primeiro amor a gente nunca esquece...

E tome música sertaneja (daquelas de fim de noite mesmo...)

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