AMPLEXOS

Estava eu em frente ao meu computador, lá na empresa, cadastrando algumas (muitas) notas fiscais, quando dei-me conta de algo, no mínimo interessante: eu não tenho mais abraçado pessoas.
Sim, pra ser bem sincero, nem lembro direito do último abraço que dei em alguém. Talvez na terça-feira, quando o chefe fez aniversário...Mas, pensando bem, foi bem mais um cumprimento, do que propriamente um abraço. Falo de abração, abraço daqueles que vêm lá do fundo do coração, abraço com carinho. Abraço de amigo, de irmão. É, faz tempo...
E pensar que eu extrapolava diariamente a cota diária de 12 abraços que, dizem, é o número mínimo de pessoas que deveríamos abraçar por dia...Se for assim mesmo, estou no cheque especial há tempos, quiça no SPC dos sentimentos. Nos tempos áureos de colégio, chegava na escola e ficava até o início da aula distribuindo abraços e beijos. No recreio, então, mal conseguia conversar, tamanho era o número de pessoas que cumprimentava. Na saída, mais abraços. Levando-se em conta um número mínimo de 10 abraços por momento da manhã, já eram 30 abraços por dia. Isso, deixando de fora os abraços da tarde, dos dias em que também eu estava no colégio à tarde.
Sim, certos avanços requerem alguns retrocessos. Hoje eu passo o dia todo trabalhando (só hoje foram 13 horas na empresa), mal lembrando dos tantos abraços, beijos e sorrisos que compartilhei com tanta gente. É claro que, levando-se em conta as mudanças que ocorreram com o meu humor, minha personalidade e outras mudanças que ocorreram na minha vida nos últimos tempos, seria difícil manter aquele elevado número de abraços que outrora foram distribuídos. Confesso até que já não sou mais tão chegado em agarramentos como fui certa feita. Bastava ser conhecido para ganhar aquele baita quebra-costela, com direito a tapinha nas costas. Agora já não é mais bem assim...Abraço, para mim, tem que ter qualidade, troca de afeto e, principalmente, vontade das duas partes de abraçar.
Mesmo assim, só de lembrar daqueles tempos, a saudade velha bate de relho nos quartos...
Todavia, como afirmei antes, este retrocesso foi necessário para que eu crescesse em outros aspectos. Sou um cara que agora levanta pela manhã com vontade de trabalhar, plenamente integrado à empresa, à prática da minha função, sabedor da importância de ter meu emprego. Até porque, todos aqueles abraços ainda não eram necessários para tirar de mim a angústia de passar o dia todo sem fazer nada, sem ter ocupação nenhuma. Sempre todos trabalhando, e só o Antônio coçando...Como diz o meu chefe, "chegava a estar saindo o couro", de tanto coçar.
Ainda mais agora, que percebo que uma grande porcentagem daqueles abraços não eram verdadeiros. É claro que estou referindo-me aos abraços bons, sinceros, daquelas pessoas que eu sabia que gostavam mesmo de mim. Entretanto, enxergo agora quanta gente falsa eu abracei, pensando estar trocando sentimentos. Pura ilusão. Muito do que fiz ficou esquecido nas atas, na memória de poucos. É até surpreendente a maneira como as pessoas cospem no prato em que comeram.
Aonde eu estava? Ah, os abraços. Bem, de qualquer forma, tudo acaba tendo o seu lado positivo, pois sei que, quando encontro essas pessoas de quem sinto falta, elas estão ali, de braços abertos para relembrarem aqueles bons tempos de abraços beeem apertados, dignos de amizades sólidas, que causam inveja, balançando as estruturas de pessoas influentes dentro de grandes instituições de ensino de Novo Hamburgo. Bueno, vou ficando por aqui...E, como não poderia faltar no fim do texto, deixo aqui exatamente um abraço para meus queridos amigos!

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