HABEMUS ARMAS

O tal de referendo deu o que falar nos últimos dias. Tanto pelas dúvidas que as pessoas tinham em relação à votação, quanto pelas farpas que as duas frentes trocaram na (argh!) propaganda obrigatória.
Agora, acabou. Com a vitória do NÃO, prosseguiremos com o direito de possuir armas, o que eu chamo de direito de matar, haja visto que não vejo outra utilidade para um revólver ou semelhante. Pelo menos esse cachorro de que arma é defesa, ninguém vai me passar.
É, eu apoiava o SIM. Mas, como estamos num país democrático, vou respeitar a escolha da maioria, até porque não muda muita coisa para mim, pelo menos agora, já que não pretendo possuir uma arma de fogo.
Respeitar a escolha, contudo, não impede que eu manifeste minha opinião. Penso que a propaganda do NÃO foi deveras inteligente. De fato, os caras acharam o calcanhar de Aquiles dos brasileiros: o medo dos bandidos. Bastou dizer que os bandidos seguiriam desarmados, que as pesquisas inverteram os índices. Falou em ladrão, esqueceram das crianças que morrem mexendo nas armas dos pais, das brigas de vizinhos, das discussões que terminam em mortes. Enfim, bandido é bandido.
Confesso que não tiro a razão de quem pensou por esse lado, mas considero uma opinião precipitada e, acima de tudo, imediatista. Não creio que fazer justiça com as próprias mãos seja a melhor solução. "Ah, mas arma não serve só pra matar". Tá bom, vai nessa. O ladrão entra na tua casa, aponta a arma pra cabeça do teu filho, e tu pensas: "ok, vou atirar na perna, só pra salvar o guri". Isso se for um ladrão, se o alvo em questão não for o vizinho que te disse meia-dúzia de abobrinhas que te ofenderam.
Posso até estar errado, ou sendo muito otimista, mas penso que, se o SIM ganhasse, seria o primeiro passo para a diminuição da violência. Menos armas, menos mortes. Um pensamento lógico. Sei do contrabando, mas não posso ficar pensando sempre contra a lei, pois daí não haveria motivos para continuar vivendo, se pensasse só nas coisas erradas.
Faço uma comparação com as drogas: se a maconha, por exemplo, fosse legalizada, um número bem maior de pessoas faria uso da mesma. É uma questão, digamos, cultural. A gente cresce aprendendo que droga é errado, então a maioria não usa. Penso o mesmo das armas; se a cultura passasse a ser essa, de que usar arma é errado, apenas uma minoria sairia por aí dando tiros. É claro, ainda haveriam mortes por armas de fogo, mas nem tudo é perfeito. Tudo isso, é apenas um pensamento em prol de menos mortes. Bem, agora já foi decidido, apenas escrevi pra desabafar. Em tempos de referendos, mensalões, furacões, terremotos, febre aftosa, gripe do frango, máfia do apito e afins, resta apenas uma palavra uníssona e incisiva: oremos.

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