OPINANDO

Há pouco, estava lendo um email da infindável série de correios eletrônicos que rechaça o Big Brother Brasil. Não que eu ache escrever sobre isso algo extremamente cultural, mas, se qualquer um pode sair malhando, alguém também pode falar bem.
Bem, vamos pelo começo. Não quero enfiar na cabeça de ninguém que BBB é cultura, que é um exemplo para a televisão brasileira, que todos devam assistir. Bem pelo contrário. Quer cultura? Sintoniza a TVE, ou assina TV a cabo. De resto, não conseguimos salvar muita coisa da nossa programação aberta.
Agora, daí a dizer que o povo é burro porque assiste, ou porque liga para votar no paredão, e relacionar essas atitudes até à crise política do país, eu considero um exagero.
Também não vou ser demagogo e dizer que o brasileiro assiste ao BBB porque é sofrido e enxerga no programa uma válvula de escape. Verdade seja dita: brasileiro vê BBB porque gosta de BBB. Tchê, questão de puro gosto!
Exemplo pessoal: eu odeio Friends. Acho a coisa mais tosca e ridícula, uma bosta, uma perda de tempo. Nem por isso saio chamando quem gosta de assistir de burro, de ignorante, de responsável pela crise do País.
No email que recebi, a pessoa usava a ironia dizendo que o povo vota para alguém sair no paredão e dá 8 milhões de reais para a Globo. Nisso, compara com o Criança Esperança, dizendo que sofre para arrecadar na campanha o que o BBB leva numa noite. Baseado nesses argumentos, responsabiliza mais ainda o telespectador do programa por crises e mais crises do Brasil.
Então tá. Então o cara trabalha, rala o dia inteiro, pra chegar à noite em casa e não poder escolher o que quer fazer com 30 centavos da ligação. Sim, porque ninguém tem culpa se milhões de pessoas votam e geram essa quantia para a Globo. Para quem faz uma ligação, custam apenas 30 centavos. Feliz do cara que inventou isso, achou uma grande maneira de ganhar dinheiro.
O "X" da questão está no que vou escrever agora. Não é educação que falta para o país. E não falo de educação relacionada à escolaridade. Essa história de querer reeducar o brasileiro e transformar todos em lordes, não sei se é por aí. Somos uma nação simples por natureza, temos uma cultura própria e não é um jovenzinho que foi para o exterior e viu tudo lá muito lindo que vai mudar isso com um simples email de protesto porra louca.
Falta respeito. Respeitar os gostos, as raças, o time que torce, ao que assiste na televisão. Quem vê novela e BBB, não é menos do que quem vê Friends e TV Senado. Respeitar os comentários alheios e discordar, tudo em paz, sem querer ser mais do que os outros. Simplesmente apontar o dedão sujo não vai trazer a paz de espírito que necessitamos. Trocar de canal e curtir a TVE sossegado tem o mesmo efeito que bradar aos quatro ventos contra o Big Brother, até porque 70% da massa que assiste mal sabe ligar um computador (e aí, sim, entra a parte dos governantes em fazer algo por melhorias na educação), e provavelmente nem tomará conhecimento de todos os xingamentos direcionados.
Eu gosto de BBB, assisti a todas as edições até agora e não sou menos que ninguém por causa disso. Me preocupo com a política, sei em quem votei na última eleição e nada muda na minha vida por assistir a um jogo que passa na TV depois da novela. Respeito quem não gosta, mas também quero ser respeitado. A quem ainda teima em espalhar correntes contra o programa, se lhe faz bem, que continue. Não vai mudar coisa alguma, apenas vai lhe saciar a vontade de diminuir os outros. Praticar ioga ou ler um livro são atividades bem mais calmantes do que isso...

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