INTERROGAÇÃO ANTIGA

Até onde alguém deve insistir numa amizade? Qual é o limite da insistência, da busca pela atenção, pelo laço forte, pela convivência com uma pessoa? Qual grau de esforço deve ser dedicado a recuperar um amigo?
São essas algumas das perguntas que assolam a minha mente. De maneira desmedida, muitas vezes tentei praticar a resposta para estas questões, mesmo sem conhecê-las. Se tivesse conseguido êxito, quem sabe agora não estivesse perguntando isso.
Sinto que falta bilateralidade (nem sei se existe essa palavra), ou seja, ímpeto em solidificar a amizade vindo de ambos os lados. Querer saber como está o amigo, não deixar a peteca cair, demonstrar o quanto o outro é importante, abraçar, telefonar, enfim, insistir no vínculo.
Se eu pudesse escolher, juro que não queria ter mudado, me tornado preguiçoso e incrédulo. Não tenho como explicar como isso aconteceu. À medida em que fui deixando pensamentos adolescentes de lado, meus impulsos foram enfraquecendo, e eu perdia aos poucos a minha marcante característica de agitador das massas e congregador de amigos.
Tivesse partido somente de mim tal falta de atitude, quem sabe alguém pudesse conseguir recuperar, mas isso também partiu de muitos dos outros. Um desânimo mútuo, uma desistência simultânea, forjando o efeito dominó.
Não se trata efetivamente de uma lamúria, confesso, pois outras ocupações e preocupações tornam-me ativo. Contudo, volta e meia estes pensamentos vêm à tona, deixando-me cheio de interrogações.
O que mais me intriga é que amizade não é coisa de adolescentes. Bem pelo contrário, o que se vê é a solidificação das amizades na fase adulta, transformando amigos em compadres, em padrinhos de casamento, dos filhos, companheiros de churrascada, etc.
É claro que, de certo modo, esse tipo de declaração vinda de minha parte é um tanto exagerada. Tenho ainda meus amigos verdadeiros, sei que posso contar com eles, sei que os laços não se desfizeram.
Acontece que, se eu não reclamar, não é o jeito Antônio de ser. Falta algo, tem alguma coisa incompleta nessa história. E que fique registrado que é de ambas as partes. Assumo minha grande parcela de culpa e omissão, mas por favor, então alguém me dê uma luz e me diga o que há de ser feito, porque eu não tenho essa resposta.
Se eu nunca tivesse experimentado de uma amizade completa, poderia não saber do que estou falando. Mas já tive, já vivi aquela amizade rochosa, firme, coisa de sentir saudade do amigo a partir do momento em que se sai da casa dele. Sentir-se confortado apenas em conversar sobre o nada, elogiar apenas pela vontade do momento. Continuo na busca intermitente.

0 comentários:

Postar um comentário

<< >>