BRINCANDO DE USUCAPIÃO

Várias pessoas vêm até mim e dizem que eu escrevo muito bem, que eu estou perdendo tempo não investindo nisso, que é um dom, etc e tal. Num raro momento de humildade, incomum à minha personalidade, eu agradeço os elogios, mas não é pra tanto. Claro, eu gosto de português, tenho lá uma certa intimidade com as palavras, mas daí a pensar que isso é um talento nato, já considero exagero. De qualquer maneira, pelo menos faz bem pro ego.
O que me fascina mesmo não é a escrita, mas a reação que as palavras causam nas pessoas. Nem sempre quem lê interpreta da mesma maneira do que quem escreveu. É exatamente essa relação de publicar um texto e perceber os efeitos colaterais que me move a continuar com o blog.
Mesmo com temas indefinidos, evasivos e prolixos, ainda há quem venha até aqui, leia e goste (ou não, mas pelo menos lê).
O texto de ontem, por exemplo. Não fossem as reações que ele causou em algumas pessoas, certamente eu agora não estaria aqui redigindo estas palavras. Por quê?
Justamente pela interpretação equivocada sobre certas frases, mais precisamente uma palavrinha, a qual eu julgava bem colocada, mas agora percebo que nem todo mundo vê assim.
Antes, um embasamento, ainda falando de terrenos (mas prometo não repetir tanto a palavra dessa vez). Quando se ganha o "referido", isso não quer dizer que seja propriamente uma posse, ou algo que seja registrado em cartório para alguém. Assim como é fácil ganhar, também é passível de perda.
O que acontece é que, ao invés de cuidar da sua construção e da sua casinha, alguns preferem dar palpite no do outro. É aquela história, a grama do vizinho sempre é mais verde. Ah, metáforas, que cefaléias me causam!
Como é difícil para nós cuidarmos dos nossos narizes, não? E me incluo junto, pois o ciúme e a inveja são sentimentos ferinos, que assolam a todos nós, seres imperfeitos e pecadores.
Quando eu digo que brasileiro tem memória curta, há quem me critique, mas eu defendo essa tese. Não importa quantos elogios você tenha feito a alguém, a partir do momento que outra pessoa recebe um agrado de sua parte, prepare-se para uma tsunami "usucapionista".
Pra clarear as coisas, eu quero terminar dizendo que, apesar de ter falado sobre terrenos (segunda vez apenas, =]) ontem, não lembro de ter mencionado escrituras, registros, tabelionatos, reconhecimento de firma, etc. Ninguém precisa saber mais do que o que foi escrito, e se o couber, tomarei as devidas providências. Em suma, somos feitos de carne, osso, razão e coração, e não de papel timbrado.

E era isso.

Ah, e esse de hoje vai pra ti, pra ti e pra ti, mocinhas.

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