O QUE É SER INTELIGENTE?

inteligente

do Lat. intellegente

adj. 2 gén.,
que compreende facilmente; que raciocina; que aprende bem; conhecedor; entendido; hábil; sensato; atilado;



Lendo um pouco de tudo, garimpando opiniões na internet e acessando fóruns de discussão, noto que o status de inteligência é muito cultuado por algumas pessoas. Na verdade, não passa de mais um rótulo: existe o da beleza, da fama, da riqueza material e outros tantos facilmente lembrados.
Porém, a inteligência está intimamente ligada à relação "ser mais do que o outro". Por exemplo: "- Eu sou bonito, você não é. - Mas eu sou inteligente! - ..."
O diferencial da inteligência é que é preciso possuí-la para usá-la como título de grandeza. Não se pode dizer apenas "sou inteligente" como quem diz "gosto de batata-frita". Não, para ser considerado inteligente, é preciso conquistar este adjetivo.

É aí que entra a minha pergunta: tá, mas, afinal, o que é ser inteligente?

É ter amplo conhecimento? Ler livros, conhecer literatura, graduar-se em várias áreas? É saber mais do que o outro, ostentar conquistas e cultura?
Sinceramente, isso me intriga. O que eu vejo são pessoas querendo ser mais do que os outros. O quê, propriamente, não importa, mas ser mais, isso sim. Mais bonito, mais famoso, mais requisitado, mais amado. Ter mais do que o outro, não ficar para trás em determinado quesito.
Baseado na definição do Aurélio, que eu coloquei lá em cima, inteligente é quem compreende algo facilmente, raciocina, aprende bem, conhece e entende algo, que tem habilidades, que é sensato e atilado (que eu não sei o que é, e tô com preguiça de procurar agora).
Bom, se é assim, então pode-se dizer que todos somos inteligentes, não é? Qualquer pessoa compreende pelo menos uma coisa com facilidade. Não existe quem não raciocine; pra atravessar a rua, é preciso raciocinar e olhar os dois lados, para ver se não vem algum carro. Sempre tem alguma coisa que aprendemos bem, da mais simples tarefa, à mais complexa. Todo mundo conhece bem algo; sua cidade, sua casa, seu cachorro. E entende pelo menos o que fala. Habilidades? Aprender a falar é uma habilidade desenvolvida. Sensatez? Não pôr a mão no fogo para não se queimar é uma atitude sensata.
Sendo assim, segundo o dicionário, todos são inteligentes, afirmação a qual eu sustento com todas as minhas forças. A partir disso, querer ser mais ou menos passa a ser pura ganância. Eu sou a favor de dizer o seguinte: "eu sou inteligente". Sim, valorizar seus conhecimentos, enaltecer o que se sabe, o conhecimento adquirido ao longo da vida, penso que isso faz bem para a auto-estima.
Agora, daí a dizer "eu sou mais inteligente que você", ou "eu sou o cara mais inteligente do grupo" já passa para um campo de pretensão e megalomania. Qual é o acréscimo de ser considerado mais do que alguém? Muda alguma coisa externamente? O mundo vai girar ao contrário se você for considerado mais ou menos do que os outros?
Isso bate de frente com os conceitos de respeito às diferenças, os quais estamos tão acostumados a discutir, mas tão falhos em praticar. Eu nunca consegui aprender a sambar, isso é fato. Muita gente que não consegue escrever sequer o próprio nome me deixa no chinelo sambando. E aí, quem é mais inteligente? Eu, que sei escrever, mas não sei sambar? Ou o Zé das Couves, que é analfabeto, mas requebra o corpo que é uma beleza?
Exercitar esse tipo de comparação é pedir para conviver com a frustração contínua e intermitente dentro de si próprio. Não podemos nos diminuir pelas coisas que não sabemos, nem nos acharmos mais do que os outros, pelo simples fato de fazermos algo muito bem.
Cabe a cada um saber das suas qualidades e aprimorá-las, bem como adquirir novos conhecimentos ao longo da vida, para sempre melhorarmos como pessoa, como ser humano que respeita e ama o próximo, e não para nos vangloriarmos.
De nada adianta eu ter um blog e escrever belas palavras, se eu usá-las somente para humilhar quem não consegue escrever um texto. Eu escrevo porque gosto, eu realmente penso que sou um cara inteligente por escrever bem, mas não sou mais do que ninguém por causa disso. É preciso que cultivemos esse pensamento com mais constância, ou a batalha de vaidades vai ofuscar o mais importante, que é ser feliz e fazer quem está ao seu redor igualmente feliz. Não importa se é catando lixo, fazendo faxina, doutorado ou dirigindo uma multinacional. Os vermes vão comer da mesma forma o cara que leu toda a obra de Shakespeare, quanto a tia que limpa banheiros e não sabe assinar o nome. Inteligente, sim, é quem compreende isso e pratica.

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