PREGUIÇA POÉTICA - PARTE 2

Ah, preguiça!
Por que me atiça?
Plácida feito um rio,
mas, através da flácida cobiça,
torna-me poeta do vazio.

Atropela-me, carrasca atroz!
Mas conserva a ternura da criação,
ainda que tenha a doçura do fel.
Mesmo sendo nefasta algoz
não deixa ninguém sem pão,
nem sem linha o carretel (da inspiração).

Quem dança, seus males espanta.
E quem planta, colhe com pujança
aquilo que de bom nasceu.
Se danço, é porque há esperança
de conhecer quem acalanta
o que ocorre no peito meu.

Tudo bem, sou pernóstico
Mas a ti não agrada
a leveza de uma apologia?
Não posso ser agnóstico
mesmo frente à frieza malvada
de uma inveja sombria.

Entoo cânticos,
não à toa,
sutis, semânticos,
odes em loas
imersas no Atlântico
das minhas vivências boas.

E termina, pois, o gaudério,
com sua rima baguala
regada a qualquer mistério,
que a referida cachola exala.
Seja qual for o impropério,
pelo menos não se cala.

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