OLHO NO ESPELHO E VEJO UM PINGÜIM

A maneira mais eficaz de se detectar uma gripe é perceber que não há mais espaço no seu lenço de nariz que não esteja úmido e contendo grande quantidade de mucosa nasal. Acabei de constatar isso, já que o meu mais parece um lenço umedecido, porém sem aquele cheirinho característico de perfume de bebê.
Não é à toa que, trocando apenas um V por um F, inverno vire inferno. Está bem, o frio tem lá o seu charme, mas todo esse glamour pode desaparecer rapidamente, em meio à camadas de ranho e falanges congeladas.
O verbo fungar é o mais conjugado nessa época. Eu func, tu func, ele func. Todos func. Alguns também aaaaatchimm e outros tantos cof, cof, cof, chegando até a gasp!
Hoje eu estou no modo lasanha. Uma camiseta, um blusão de lã, um moleton e uma jaqueta estilo Tropeço, que limita a 20% a articulação do meu cotovelo. Se eu for a uma festa desse jeito, me salvo apenas dançando no estilo Robocop.
Já esqueci o que significa pontas dos dedos. Perdi o sentido do tato, a não ser quando deito na cama putaqueparilmente gelada, ou quando visto uma roupa porradocaralhomente gelada, ou ainda quando a água do chuveiro cai nas minhas costas, causando um choque térmico que me leva ao coma induzido durante alguns segundos.
Isso que ainda nem toquei no ponto mais humilhante do universo masculino, que é a redução absurda no tamanho do órgão genital, vulgo ticolino. Embrenhado em meio aos pêlos pubianos, bráulio nega-se com veemência a sair do seu aconchegante lar, nem que seja para dar bom dia. Há dias que não nos vemos.
Mas, tem quem goste. Exemplo disso são aqueles bobos alegres que aparecem no Jornal Nacional jogando neve pra cima. Coisa mais besta, não vejo graça alguma em ficar brincando com água congelada. Enquanto isso, quando venho para o trabalho de manhã observo mendigos dormindo cobertos apenas por trapos e jornais velhos. Sim, isso é realmente lindo no inverno, né?
Pra quem já trabalhou no campo e sabe o quanto o gado emagrece e perde o estado do verão, entende a minha indignação com essa estação polar. Quem não se importa tem mais é que ficar debaixo das cobertas ingerindo chocolate quente e expelindo-o em forma de flatulências.
"Sooooool volte"!

E agora vou procurar algum espaço seco no lenço, que já tá vindo meleca de novo. Func!

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