HABEMUS CALOR

Qual não foi a minha emoção ao abrir o jornal e enxergar aquele redondo número que informava a temperatura máxima para hoje: 30 graus. Exultei, marejei os olhos, ajoelhei-me e agradeci aos céus. Nem lembro quando foi a última vez que fez tanto calor aqui no Círculo Polar Gaúcho.
Com 22 graus pela manhã, os pássaros cantavam alegres, tal qual uma orquestra de serafins que entoa cânticos de louvor e glória a Deus (nessa hora, vale até blasfemar). Nada como ver as pessoas nas ruas de manga curta, cabelos esvoaçantes, narizes e dedos em suas cores naturais, oitenta por cento menos ruídos de fungadas e espirros, enfim, eis que a paz do verão aproxima-se solenemente.
Além disso, meu humor, com a graça do Pai Celeste, anda mais faceiro que guri de bombacha nova. Sábado tive a alegria de reunir-me com os amigos coralistas, sendo dois deles também os ilustres membros da FUB (Frente da União Blogueira, criada por nós mesmos, sem fins lucrativos), Jader e Marquinhos. Muita música, risadas, piadas, uma explanação ao vivo da morte do meu antigo celular e um ambiente de interessante interatividade.
Deus tira os dentes, mas alarga a goela. Essa é uma frase que norteia bastante meus pensamentos. Uma vez li que não devemos dizer somente um não a uma criança, quando ela quer algo que não é permitido. O certo é dizer um não, acompanhado de "mas, pode fazer tal coisa", como uma forma de compensação.
É mais ou menos assim que o Cara lá de cima faz conosco. Às vezes ele, paternalmente, nos nega alguma regalia, mas sempre compensa de uma, ou outra forma. E, sem dúvida, o coral veio compensar uma lacuna que estava aberta na minha vida, superando e muito as expectativas, trazendo gente especial e com uma sinceridade ímpar no coração, pessoas realmente raras, as quais tenho o orgulho de classificar como amigos.
E, por falar em pai, domingo foi o dia dos nossos, de carne e osso. Nada mais justo que tenham o seu dia, já que foram eles que batalharam para que nascêssemos, conquistando nossas mamães, trovando elas por meses a fio, até que elas finalmente lhes abrissem as portas de suas vidas (sem trocadilhos, ok?), para que vivessem um grande amor, ou uma grande noite, que seja, e nós, até então ínfimos espermatozóides, pudéssemos finalmente fecundar e vir ao mundo, fortes, saudáveis, com cara de joelho e chorões.
Meu pai foi embora pra Goiás quarta-feira, nos deixando órfãos no domingo. Um poço de sensibilidade. Mesmo assim, eu o entendo, e desejo que seja muito feliz e obtenha sucesso nessa nova jornada. Após tantos trancos e barrancos, quem sabe esteja aí a compensação divina reservada para ele.
Dessa forma, passei o domingo com meus avôs, contribuintes muito presentes na minha educação, e que fizeram as vezes de pai na maioria dos meus dias até aqui. Dois homens íntegros, de caráter admirável e a quem eu direciono todo o meu amor de filho e neto. Servem também de exemplo para a lei da compensação citada antes.
Os bons ventos sopram a meu favor, e estou feliz com isso. É uma bela maneira de encerrar um texto numa terça-feira de agosto.

Um abraço.

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