Conspiração

Hibernava no aconchego do meu peito,
Ouvindo as falácias contumazes do pensamento
Quando, de súbito, o insólito sono terminou.
Acordou cambaleante, um pouco sem jeito,
Contudo, sem perder o olhar costumeiramente atento
Fixado nos detalhes do sentimento que despertou.

Céus, mares e terras moveram-se em seu favor
Auxiliados pelas melodiosas harpas dos querubins
E um pássaro verde que cantarolava em Si bemol.
Traduzidos em sorrisos amigos, provenientes do Senhor,
Flores impávidas, que dão cor e alegria aos jardins,
Aquecidos ternamente pelo calor do generoso sol.

Com o primeiro beijo, badalaram os sinos das catedrais.
Abriram-se as portas de um castelo similar a um sonho,
Alicerçado firmemente sobre pedras sólidas de amizade.
Provocando, misteriosamente, o doce desejo de “quero mais”,
Que ocupou o lugar outrora pertencente a um viver enfadonho,
Transformado em criança alegre, símbolo da cumplicidade.

Nos olhos, o brilho diferenciado, conseqüência natural
Da segurança de sentir pulsar algo intenso e verdadeiro,
Que desperta o que de mais terno há na beleza de um sorriso.
Traz consigo a certeza de experimentar o sabor real
Do tenro e suculento fruto degustado por inteiro,
Que remete a viagens fascinantes pelas pradarias do paraíso.

Percebo, placidamente, a manifestação otimista da natureza,
Que apóia e exulta a cada simples gesto de carinho.
Pairam no ar os bons fluidos trazidos por ventos em direção
De um amor concebido no ventre materno da certeza.
Como ave que, calmamente, constrói seu ninho,
Regozijo ante à leveza dessa deliciosa conspiração.

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