Filosofias de boteco

Ler outros blogs é inspirador, isso é fato. Principalmente quando se lê a opinião de alguém pela primeira vez, uma maneira até então desconhecida de se enxergar as coisas e externá-las. Pelo menos em mim, isso desperta a inspiração para também dar o meu pitaco.
Pois, foi no blog da Samanta Vicentini que eu li sobre um assunto que, volta e meia, paira no meu cérebro, forjando análises, filosofias, pequenas palestras particulares (pobre da Ana, hehehe) e adjacências.
Desde criança, sempre encarei os relacionamentos com muita seriedade. Talvez tenha sido uma válvula de escape para superar o ambiente que eu vivia dentro de casa (e que também não vem ao caso agora), mas parece que a fidelidade cresceu intrínseca aos meus sentimentos, não permitindo que eu cometesse certas atitudes que a maioria dos homens tem.
Sem generalizar, naturalmente. Por mais que as mulheres reclamem, não é assim tão difícil encontrar um homem fiel, pelo menos na minha ótica. Eu acredito nas más escolhas, e de maneira múltipla. Decepção em cima de decepção, pronto, ficam os homens taxados de sem-vergonha, enganadores e infiéis. O que acontece é que nós, homens, analisamos com cuidado a escolha da parceira, quando queremos um relacionamento sério. Já as mulheres, iludem-se com mais facilidade frente a qualquer promessa bonita, carinha de santo e boa pinta.
Existem certos aspectos na personalidade de uma pessoa que podem ser facilmente identificados como sinal de furada. Sinceridade é algo que olhar transmite, sem precisar de discurso, ou condecoração. É claro, há aqueles safados que prometem mundos e fundos, engambelando a ingenuidade de uma parceira que se entregou ao sentimento. Daí, já sabe, né, é sofrimento certo.
Contudo, é aí que eu quero chegar. O cara, se percebe que a mulher não age com transparência, põe sua desconfiança em prática e pula fora do barco. Por ser mais, digamos, prático, o homem não deposita falsas esperanças num relacionamento, caso ele não as enxergue com segurança. Já as moças, em diversos casos, permanecem acreditando na regeneração do caráter de um cara safado, por mais reincidente que ele seja.
Noves fora, elas sofrem muito mais. Não estou aqui chamando as mulheres de bobas, nem arriscaria meu couro afirmando isso. Encaro isso como elas sendo mais persistentes em seus sentimentos, aceitando os defeitos do seu amor com uma parcimônia maior, talvez pelo instinto maternal que carregam, faça com que a paciência seja melhor exercitada.
Enxergando isso, muitos homens aproveitam-se da situação e, sem dó, deitam e rolam em cima dos sentimentos da parceira, como se isso fosse o maior sinal de masculinidade do mundo. Chegamos aí naquela velha história: homem que pega todas é garanhão, mulher que pega todos é vagabunda. Por que isso? Simples, nós é que permitimos essa situação.
Se a mulher não é de confiança, a primeira coisa que o cara faz é “usar” e alertar os amigos do perigo que ela representa com sua falta de seriedade. Os outros vão lá, aproveitam também, e termina com aquele rótulo de puta. Já o cara, quando é pegador, envolve as mulheres, aproveitando-se da admiração que elas nutrem por ele, e constrói aquele rol de fãs, conseguindo até terminar com a fama de Don Juan. É claro, todas elas acreditaram que poderiam mudá-lo, tornando-o fiel e seu para sempre. O homem não faz isso. Se perceber o risco, ele logo passa adiante, para não se incomodar.
É uma crítica? Não, é constatação, que, por sinal, me envergonha sob certos aspectos. O certo seria não tornar as coisas tão avulsas e aglutinar as características masculinas e femininas em prol do bom andamento de uma relação. A confiança e persistência da mulher, somada à praticidade e perspicácia do homem, dentro de um sentimento que tenha o caráter como base, a fim de melhorar a vida da pessoa com quem se namora, e não somente descartá-la após usar, ou ter a ambição de tornar-se posseiro do coração do outro. Percebam que os dois lados têm defeitos, e isso destrói muitos sentimentos.
Não creio que todos os homens sejam lisos, e todas as mulheres grudentas. Contudo, é esse o quadro que se apresenta na maioria das vezes. Pessoalmente, já vi muitos amigos meus, que bradavam aos quatro ventos que nunca teriam nada sério com ninguém, encontrarem uma namorada que os fez felizes de fato, ou seja, transmitiram a confiança que os tornou afáveis e fiéis.
Pode parecer antiquado, mas é aquela história de encontrar a pessoa certa. A modernidade disso tudo é que pode não ser o par perfeito para sempre, mas apenas para uma determinada fase da vida, isso depende de cada um. Prefiro acreditar naquela velha máxima do “seja eterno enquanto dure”, sem me preocupar com o que já foi, ou o que virá. A plenitude do meu relacionamento está inserida na sinceridade com a qual eu ajo, não fugindo do diálogo e da demonstração constante de afeto à pessoa que eu amo (no caso, a Ana).
O resgate de sentimentos como respeito, sinceridade, confiança e fidelidade me soa como o mais urgente para que tenhamos mais felicidade nas relações amorosas. Admiro muito o cara que não tem vergonha de assumir pros amigos que está apaixonado e que uma mulher está mudando sua vida para melhor, tornando-o mais sensível em sua masculinidade, tanto quanto admiro a mulher que não se importa que o companheiro saia pra beber aquela cervejinha gelada com os amigos, pra falar de mulheres, carro e futebol.
Relacionamento é aprendizado diário, sentimento contínuo e respeito mútuo. Sempre há algo que não conhecemos na pessoa que amamos, até pelo fato de sermos metamorfoses ambulantes e modificarmos nossas maneiras de ver a vida com o passar do tempo. Entretanto, de todas, a fidelidade que mais precisa ser cultivada é a fidelidade a si próprio, aos seus sentimentos e valores. Se acreditarmos no que sentimos e formos fiéis a isso, certamente refletirá no sentimento que cultivamos com nossos pares. E aí, meus amigos, é só correr pro abraço (do parceiro, de preferência).

0 comentários:

Postar um comentário

<< >>