Hora de sacudir a poeira

Seguindo na linha dos desabafos, mas sem abusar tanto do “coitadismo”, aproveitarei a receptividade e boa vontade daqueles que por aqui passam para escrever mais um pouco sobre meus pensamentos mais particulares, algo que não faço com tanta freqüência.
Pela primeira vez, tenho que admitir: preciso de férias. Após um ano de labuta, de muita escrita, de inúmeras reflexões e aconselhamentos, o cérebro e o corpo pedem clemência. Felizmente, faltam apenas treze dias para o início do meu descanso, o que me mantém firme nesses últimos instantes de 2007. De tão bom que foi o ano, já está na hora de passar para o próximo e ver o que se aproxima.
Ontem, ao chegar em casa, deparei-me com uma situação deveras desagradável e, pra não estender muito o relato, rolou um arranca-rabo dos brabos, daqueles de fazer sair faísca em cubo de gelo. Despido da minha habitual parcimônia, acabei perdendo o controle e alterando inclusive o tom de voz, algo que eu abomino.
É tipo cometa Halley, acontece raramente, mas, ninguém tem sangue de barata e, até explicar que em briga de saci não tem rasteira, a merda já tinha sido feita. Depois que a poeira baixou, vem o sentimento de culpa, arrependimento por ter sido tão ríspido, ao passo que o ato de lamber as feridas desperta a idéia de que algo precisa ser mudado. Não sei, já estou com 22 anos, talvez esteja na hora de alçar certos vôos longe do ninho.
Aos poucos, o próximo ano começa a tomar forma, incorporar planos, metas, objetivos, tudo muito bem pensado e costumeiramente metódico, porém, são desafios a serem encarados. Posso encarar a situação como também sendo uma mudança interna, sem precisar sair de casa, mas sim do casulo que ainda me atrela à família numa simbiose que precisa chegar à próxima fase.
Evoluir, essa é a palavra. Chegou o momento de fazer uma faxina, no quarto e na vida, e jogar fora o que já não é mais tão necessário. Ainda não sei ao certo qual postura assumir, está tudo muito cru desde ontem e, mesmo de cabeça fria, elucidar este mistério não é tão simples quanto parece. Preciso conversar com algumas pessoas, trocar idéias, ouvir opiniões, para, finalmente, moldar a minha teoria e colocá-la em prática.
O dia hoje está cinzento, literal e simbolicamente, como todo momento de transição. Não é fácil sair da acomodação e sacudir as pulgas, partindo para decisões que influenciarão diretamente nos próximos capítulos.
Àqueles que leram o desabafo de ontem e se preocuparam, eu agradeço. Aos que comentaram, obrigado igualmente, sempre é bom ler diferentes pontos de vista a respeito de uma mesma idéia. Imediatamente após postar, aliviei-me de toneladas de dúvidas e anseios, tal qual está acontecendo agora. Como foi muito bem colocado num dos comentários, escrever é, sim, uma faca de dois gumes, mas, apesar da exposição, é um risco que vale à pena.
E é isso aí, a vida segue, com seus textos engraçados, românticos e melancólicos, com os que têm muito, ou pouco a dizer. Isso me lembra aquela frase do Paulo Coelho que, apesar de todas as restrições que causam suas obras e daquele rabinho ridículo no cabelo (que eu morro seco, mas não faço no meu), tem uma citação inteligente que vai servir para encerrar o post de hoje: "Nada na vida é completamente errado. Até um relógio quebrado, duas vezes ao dia está marcando a hora certa.”

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