Morri?

Estava eu, há alguns dias, conversando com meu amigo Marquinhos no “ême-ésse-êne”, quando, de repente, ele me lasca uma afirmação simples e expressiva: “tu tá (sic) mais quieto”. Imediatamente, respondi que, de fato, ando mais comedido, observador, com o instinto falastrão adormecido.
O problema é quando esta frente fria (vou chamar de frente fria, pois não gosto de frentes frias) afeta meus escritos, no caso, o blog. Aliás, não sei se é exatamente um problema, depende muito do ponto de vista. Blogar (do latim iscrevus et postum) é uma atividade bastante peculiar e que não depende exclusivamente de um padrão para funcionar. Há quem fale de si, dos outros, de sua relação com os outros, ou de nada disso. Blogs sobre música, futebol, fofocas, comércio de roupas de baixo, enfim, vale aquela sensação de ser dono de um espaço na internet.
Particularmente, sempre batalhei ferrenhamente tentando encontrar o lugar onde me encaixo na blogoesfera. Após muitas reflexões, algumas dispensáveis, ou melhor, todas absolutamente dispensáveis, desisti. Continuei escrevendo a esmo, sobre o que dá na telha e que me desperta certa relevância em criar algo a respeito. Se querem saber, seria muito mais fácil conseguir escrever pilhas de crônicas, ou poesias, e abastecer este bucólico espaço com dizeres enfáticos e contundentes. No entanto, não é o que acontece.
Às vezes, surge um pastelão, ou algo que cause um riso furtivo. Outro dia, uma reflexão profunda, que arranca elogios e menções honrosas. De repente, uma musiquinha pra descontrair o ambiente, disfarçar o ócio, e por aí vai. Fica quase uma categoria “encheção de lingüiça”, ou seja, o que surge é colocado no triturador e vira texto. Haja tripa.
Analisando cruamente, após experimentar toda a sorte de anseios e frustrações em decorrência da falta de um padrão nos posts, cheguei à conclusão de que o título é mais do que uma resposta aos meus constantes questionamentos. Ora, se o blog chama-se Que Momento, nada mais natural do que vivenciar os momentos através dos textos. Acreditem, cheguei a essa conclusão brilhante sozinho... ¬¬
Desencanado, finalmente, das paranóias criativas, percebi o meu óbito como blogueiro ativo. Falo daquela avidez em acessar blogs alheios, comentar, opinar, trocar “memes” e bolar discursos inventivos para atrair as massas. Com isso, muitos se foram, e a estes eu desejo muitas felicidades, muitos anos de vida. Outros ainda permanecem, timidamente, visitando esporadicamente, lendo meia-dúzia de linhas e constatando minha ausência cada vez mais constante, apesar de pouco aparente.
Eu gosto de escrever, gosto mesmo. Nesse momento, por exemplo, criar este monte de explicações desnecessárias concretiza-se no ápice de um dia chuvoso, solitário e crivado de muitas metas, planos infalíveis para roubar o coelhinho da Mônica (opa, isso não), pensamentos esparsos, viagens siderais e absortas, enfim, um transe literário, quase que um baseado em forma de texto (não que eu já tenha experimentado, mas acredito que seja uma sensação parecida).
Mas, meus caros, morri. Morri, morri, morri. Mesmo, de morte morrida. Esvaiu-se o ímpeto em abrir 0800 10 9901 blogs ao mesmo tempo, comentar em todos, postar maravilhas mirabolantes, enfim, agir como um serelepe blogueiro altamente participativo. Essa postura deve-se, naturalmente, ao momento. Sim, uma pequena fase adormecida, em clima de fim de ano, que pode durar muito, ou pouco tempo. Não classifico como falta de inspiração, pois assuntos brotam pelos poros, eu é que tenho preguiça de abrir o word e tocar ficha.
Não obstante, como bom católico apostólico romano, creio na ressurreição. Mesmo porque, já a executei várias vezes, o que torna a minha jornada blogueira um delicioso eletrocardiograma, cheio de idas e vindas, ótimas e defenestráveis fases. De qualquer forma, acredito na continuidade, ainda que em modo tropeada de lesma, da minha humilde produção textual, regada a blaterações e, vez por outra, algo que preste.
Enquanto estiver de bem com a vida e tranqüilo com o andamento das coisas, não há do que reclamar. Quem sabe, mais adiante, não desperte uma veia Arnaldo Jabor da Silva, ou Nelson Rubens de Toledo (Deus me livre, prefiro morrer seco a falar de celebridades). Quiçá, um Veríssimo em diminuta proporção. Tá, é vislumbrar demais, eu admito. Vamos ficar com o tradicional e sempre útil “não tá morto quem peleia”, e seguir escrevendo o que tivermos para o momento, que já fica de bom tamanho. Aliás, ótimo tamanho. Brincando, brincando, uma página e meia de word. =) Sem mais, um abraço!

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