Habemus capa!

Vou tentar descrever uma situação pitoresca da maneira mais elegante possível. O sujeito entope o bucho de queijo e ganha uma enorme prisão de ventre. Contudo, o intestino não consegue comportar todo o conteúdo acumulado com o passar dos dias e, invariavelmente, precisa ir ao banheiro em dado momento. Sentado na privada, nem toda a força do mundo é suficiente para expurgar a matéria que parece ter a forma de uma bigorna, uma vez que tranca de todos os jeitos e gera até um certo desespero.
O suor brota nas têmporas e a situação passa a ter status de pânico generalizado. Com as mãos espalmadas na parede, movimentos contorcionistas envolvem o abdômen de maneira a tentar encaixar uma posição que facilite a saída do tarugo. Sentimentos de compaixão com as dores femininas do parto surgem como avassaladora lição da valentia das mulheres.
A respiração fica cada vez mais ofegante e a sudorese vira uma cachoeira no azulejo do banheiro. Contrações retais fazem movimento de vai e vem na esperança de expulsar o quanto antes, aliada à já impaciente curiosidade acerca do tamanho estrombólico do alien que causou pane geral no sistema digestivo do vivente. De súbito, num ato de força que obriga a emissão de urros de dor e apoio, ouve-se um vigoroso "flop" seguido de um ricochete de água nos glúteos e uma humilhante gota de sangue que pinga logo a seguir.  Exausto, ainda consegue reunir forças para acionar a descarga com a mão trêmula. Enfim, a liberdade.

Hoje de manhã, quando caminhava a passos largos da estação de trem até a faculdade, minha sensação era a descrita acima. Com a capa do livro em situação de impasse há vários dias na diagramação, parecia que havia algo dentro de mim que necessitava ser expelido a todo custo. Passei o dia sorumbático e aflito, com o agravante do pouco tempo até o dia do lançamento e sem saber para onde correr. Não prestei a atenção na aula de Anatomia, a não ser quando se falou em cavidade abdominal e o dito intestino voltou à tona.
Ao fim da tarde, quando cheguei em casa, corri para a caixa de entrada do e-mail e digitei a senha com a avidez de um felino em caça. Quando o arquivo abriu, senti a mesma liberdade de uma tarefa fecal: minha capa estava pronta.
Precisou ser emblemático, tinha de ser no dia da escolha papal. Senti vontade de ligar para o Vaticano e solicitar uma nova fumaça branca caso tivesse sobrado algum resquício do produto químico que modifica a cor. Sob as bênçãos do Papa Chico I, finalmente meu livro nasceu de fato e de direito.

Contemplem, portanto, a capa do Que Momento! Continuo convidando todos os amigos e amantes da leitura para a noite de lançamento na Livraria Ex Libris (21/03, às 20h), quando celebraremos este acontecimento especial na minha vida. Aos que não puderem comparecer, ainda ofereço a aquisição de um exemplar, necessitando apenas entrar em contato comigo para acertarmos o envio. Pode ser via e-mail, no antonioaugustojr@gmail.com. No mais, é aguardar a quinta-feira efusivamente e comer bastante mamão. Deus me livre de o intestino trancar justo no dia do lançamento do livro...


3 comentários:

  1. Ainda bem que não sou ansioso, daí nem estou "comendo os dedos" para que chegue logo esse dia... =D

    Abraço

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  2. Essa é a maneira mais elegante que você encontrou para relatar sua agonia Ton?! Sério que foi?

    hhahahahahaha

    Seria cômico, se não fosse tão trágico.

    Intimidade é aquilo né, uma merda. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    QUE MOMENTO!
    Que capa linda!

    Todo sucesso do mundo pra você! Sempre.

    Abração

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  3. Mas que momento hem?
    Coisa mais linda e única na sua vida!
    Mais uma vez, parabéns!

    Beijos

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